Seleção vai à semifinal com gols e atuação de gala de zagueiros Comente
Se alguns se emocionaram durante a disputa de pênaltis, e outros durante o hino nacional à capela, houve quem usasse isso para acusar a equipe de despreparo emocional.
Os seis dias entre a partida das oitavas de final contra o Chile e a das quartas contra a Colômbia foram pautados praticamente por um só assunto para a seleção brasileira: o estado psicológico dos jogadores. Se alguns se emocionaram durante a disputa de pênaltis, e outros durante o hino nacional à capela, houve quem usasse isso para acusar a equipe de despreparo emocional. Pois bem: Luiz Felipe Scolari e Neymar falaram sobre isso em suas entrevistas coletivas, o resto foi esquecido e o time aproveitou para entrar totalmente mudado para o duelo com a Colômbia. Resultado? Vitória por 2 a 1 e a vaga nas semifinais do Mundial que sedia. Será a primeira semifinal do Brasil desde 1998.
E o gols do triunfo não poderiam ser mais simbólicos: o 1°, de Thiago Silva, logo no início do jogo, do capitão que assumiu que não queria bater pênalti contra o Chile, que sentou em uma bola e, emocionado, chorou; e o 2°, de David Luiz, o capitão da semifinal, já que Thiago está suspenso, em linda cobrança de falta Se redimiram, se é que essa é a palavra para justificar um momento de emoção, e não de fraqueza, como aquele contra o Chile. Na próxima terça-feira, Brasil e Alemanha duelarão pela segunda vez na história das Copas, em Belo Horizonte. Vale a vaga para a tão sonhada final, para apagar qualquer maldição que possa existir desde 1950.
Fases do jogo: O Brasil entrou pressionando a Colômbia no campo de defesa rival, lembrando a postura apresentada na última quarta de final disputada pela seleção – contra a Holanda, em 2010. A mesma velocidade na saída de jogo – principalmente com Fernandinho, destaque do meio campo – e ótimo postura defensiva, tanto com David Luiz como com Thiago Silva, que souberam cobrir o espaço dado por Maicon na direita – muito ofensivo, o lateral que substituiu Daniel Alves não se apresentou bem no setor defensivo na primeira metade do jogo. O resultado foi o gol de Thiago Silva, logo aos 6 minutos, aproveitando bola que passou por toda a defesa colombiana em escanteio cobrado por Neymar.
Só que, diferentemente de 2010, o Brasil não esmoreceu na segunda etapa. O ritmo, é claro, foi diminuído. Mas não com desespero ou erros, e sim com cadência. A Colômbia não conseguiu fazer a bola chegar em James Rodriguez e Cuadrado, no meio, muito menos a seus atacantes. E assim o Brasil aproveitou que os colombianos optavam por matar os ataques rivais com faltas para aumentar o placar assim: David Luiz cobrou colocado, no ângulo esquerdo de Ospina, que tocou na bola, mas sem força para afastá-la.
Claro, não faltou drama: James Rodriguez saiu na cara de Júlio César aos 31 minutos de jogo e foi derrubado. Cobrou o pênalti que sofreu muito bem, rasteiro, e diminuiu. Foi a deixa para que a Colômbia pressionasse. E para que a zaga brasileira se destacasse atrás como fez na frente. A bola não mais tocou as redes e o Brasil está entre os quatro melhores do mundo.
O melhor: Fernandinho – O volante que ganhou a vaga de titular para a fase de mata-mata da Copa justificou mais uma vez a escolha de Felipão. Na defesa, Fernandinho fez sua parte e a de Paulinho (que substituiu Luiz Gustavo, suspenso). diminuindo os espaços de Cuadrado e James Rodriguez e dificultando qualquer chegada colombiana. No ataque, foi a válvula de escape do Brasil, levando a bola para Neymar e Hulk, já que Oscar, novamente, teve atuação fraca, sumido no jogo. Thiago Silva também merece destaque: teve boa atuação na zaga para somar ao gol marcado – o problema é que, em lance infantil, se colocou entre o goleiro Ospina e a bola durante reposição colombiana e levou amarelo, que suspende o defensor da semifinal.
O pior: Cuadrado – O meia colombiano foi anulado por Fernandinho. Diferentemente das chances que teve contra os três rivais da primeira fase e contra o Uruguai, nas oitavas, Cuadrado não achou nenhum passe para seus companheiros atacantes ou mesmo para James Rodriguez. Não à toa, quando a Colômbia diminuiu o placar e tentava pressionar o Brasil, foi ele o escolhido para sair para a entrada do meia ofensivo Quintero.
Chave do jogo: Os defensores brasileiros. Thiago Silva e David Luiz tiveram ótimas atuações na defesa e, para substituir a inoperância de Oscar e Fred, e a fraca atuação de Neymar, foram ao ataque para dar a vaga à seleção. Thiago Silva mostrou que tem oportunismo, já que tocou a bola para o gol colombiano após quatro zagueiros rivais deixarem passar. Já David Luiz mostrou talento com a bola no pé: cobrança espetacular de falta, no ângulo.
Toque dos técnicos: Felipão ‘celebrou’ os gols de seus zagueiros colocando mais jogadores para ajudá-los. As três substituições que fez foram para a entrada de quem se postaria à frente da defesa para protegê-los: Hernanes, Ramires e Henrique entraram. A opção defensiva ficou clara quando Neymar sentiu dores nas costas, aos 41 minutos da segunda etapa, e foi Henrique o escolhido para entrar, deixando Fred e Oscar sozinhos no campo ofensivo.
Para lembrar:
James Rodriguez, um dos melhores jogadores da Copa até as quartas de final – e artilheiro, com seis gols -, vive uma maldição particular: ele nasceu no dia 12 de julho de 1991, um dia antes da última vitória colombiana sobre o Brasil (2 a 0 pela Copa América). Não conseguiu quebrá-la em Fortaleza.
Com a classificação, o Brasil evitou igualar seu recorde de Copas seguidas sem aparecer entre os quatro melhores: isso só aconteceu uma vez, entre as Copas de 1982 e 1990.
O gol de Thiago Silva foi o primeiro de um capitão da seleção em Copas desde Raí, em 1994 – o meia começou a copa como titular e capitão, perdendo depois a vaga no time para Mazinho e a faixa para Dunga. Dunga, em 1994 e 1998, Cafu, em 2002 e 2006, e Lúcio, em 2010, não marcaram usando a braçadeira.
BRASIL 2 X 1 COLÔMBIA
Por:Uol