Folha do Vale inicia série de reportagens sobre mulheres negras e sua representatividade

Nos próximos 8 dias contaremos histórias de mulheres negras e sua representatividade na política, além da sua influência.

Jucilene Vieira Juvelino
Jucilene Vieira Juvelino

CACHOEIRA — O Portal Folha do Vale começa a apresentar nesta terça-feira (12) a primeira reportagem de uma série especial de reportagens preparadas para a semana que antecede o Dia da Consciência Negra.

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Nos próximos 8 dias contaremos histórias de mulheres negras e sua representatividade na política, além da sua influência. A primeira reportagem conta a história de um quilombo localizado no município de Cachoeira, no Recôncavo Baiano.

O quilombo decidiu criar a própria moeda Sururu. Este é o nome da moeda criada pelo quilombo Kaonge, uma das comunidades quilombolas da Rota da Liberdade. Além de dinheiro próprio, a comunidade também criou um banco – chamado de Banco Comunitário Solidário dos Iguapes e a marca de roupa própria.

Sururu

A comunidade além de criar a própria moeda, também criou a marca de roupas chamada Zezé Quilombola. Em conversa com a reportagem do Portal Folha do Vale no quilombo de Rio das Rãs, Jucilene Viana Juvelino, 44 anos, disse que a moeda foi criada em 2012. Ela afirmou que a moeda tem circulação apenas interna nas comunidades do Vale do Iguape e sua existência foi comunicada ao Banco Central.

 Os empréstimos do sururu são feitos sem juros e os comércios locais passaram a aceitar o dinheiro. A criação da moeda e do banco social possibilitou que moradores da comunidade acabassem com dívidas. 

O Kaonge tem  52 famílias, grande parte chefiadas por mulheres – que, na maioria, são marisqueiras e apicultoras, atividades que compõem a principal força econômica da região.

Ela explicou que o projeto foi criado pelo líder comunitário Ananias Viana, com uma ideia de uma experiência ancestral, e que os casos recorrentes de dívidas dos quilombolas com os comerciantes foram a principal motivação para a criação da moeda. 

“Logo após a escravidão, nossos ancestrais usavam a moeda deles. Não tinha dinheiro, mas usavam o que a gente chama de moeda de troca”, comenta Jucilene.

Jucilene disse que houve dificuldade para implementar o projeto no início, especialmente entre os donos de lojas e mercados locais. Porém, cerca de dois anos depois da implantação, o novo dinheiro já havia sido aceito e incorporado à comunidade.

Marca Zezé Quilombola

O quilombo é um exemplo que pode ser copiado por outras comunidades, assim as mulheres conquistam a própria liberdade. Na quarta-feira (13), vamos contar a história da professora Naite, do município de Serra do Ramalho.

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