Ciganos temem represálias contra inocentes após mortes de dois policiais de Vitória da Conquista
O Instituto Cigano emitiu uma nota demonstrando preocupação e pedindo intervenção das autoridades contra a repressão que as comunidades estão passando após a morte dos policiais no distrito de José Gonçalves.
BRASIL – Na manhã desta sexta-feira (16), o Instituto Cigano do Brasil (ICB), entidade que reúne lideranças das etnias ciganas no país, emitiu uma nota pública demonstrando preocupação com a operação policial que tenta localizar os ciganos, supostamente envolvidos no homicídio que matou dois policiais milites da Bahia.
O ICB afirma que não compactua e repudia todo ato de violência, de qualquer ordem ou origem, mas que não irá aceitar que os ciganos inocentes sejam vítimas de ação truculenta absurda e desnecessária. Na nota, o Instituto afirma que os envolvidos no crime devem responder pelos atos cometidos na esfera jurídica, sem necessidade de força policial ostensiva aos demais moradores da comunidade.
Além das mortes já confirmadas de ciganos suspeitos de envolvimento com o crime, a entidade alega que vários carros de famílias ciganas foram queimados e casas foram invadidas sem autorização judicial. “Uma comunidade inteira não pode pagar por crimes de alguns de seus membros. Assim, exigimos que todos os órgãos públicos e de direitos humanos interfiram imediatamente nesta situação, garantindo o direito à vida de todos os ciganos que moram em Vitória da Conquista e cidades do Estado da Bahia”, reforça o ICB.
A Polícia Militar da Bahia tem realizado buscas policiais para encontrar os suspeitos, todos pertencentes a uma família de ciganos. Um dos envolvidos foi preso no mesmo dia, após dar entrada na emergência do Hospital Geral de Vitória da Conquista (HGG).
Um adolescente de 14 anos, pertencente à família dos suspeitos, foi baleado dentro de uma farmácia no Centro de Vitória da Conquista, sendo atingido por disparos de arma de fogo por homens que chegaram no local a bordo de uma motocicleta. O adolescente chegou a ser socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas acabou morrendo no hospital.
Rogério Ribeiro, cigano presidente do ICB e membro consultivo da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB, subseção do Ceará, esclarece na nota que a instituição repudia toda e qualquer ação de violência por policiais motivadas por operações de vingança com mortes deixando rastro de impunidade. Já estamos em contato para auxiliar no que for necessário e, com certeza não iremos medir esforços, juntamente com as autoridades competentes.
“Uma boa polícia é uma polícia que atua com o máximo de inteligência e com o mínimo de violência, que previne danos, ao invés de causá-los, que é respeitada, não temida, que atua conforme a lei, não contra a lei”, de acordo o entendimento da entidade que representa os ciganos.