Sonho de três décadas, asfalto chega ao extremo norte de minas.
Uma faixa negra de material betuminoso risca o solo arenoso do sertão do extremo norte mineiro em local próximo a Pitarana. São as obras de pavimentação do subtrecho da BR-135 que liga esse povoado à cidade de Montalvânia, na região da divisa entre os estados de Minas Gerais e Bahia. O asfalto começa a chegar, pode comemorar o sertanejo, que não sem motivos desconfia das promessas dos ‘homi do puder’.
Uma faixa negra de material betuminoso risca o solo arenoso do sertão do extremo norte mineiro em local próximo a Pitarana. São as obras de pavimentação do subtrecho da BR-135 que liga esse povoado à cidade de Montalvânia, na região da divisa entre os estados de Minas Gerais e Bahia. O asfalto começa a chegar, pode comemorar o sertanejo, que não sem motivos desconfia das promessas dos ‘homi do puder’.
Era a imagem que faltava para dar sentido concreto a um sonho alimentado há quase 40 anos pelos usuários da rodovia federal BR-135 na microrregião. Quando ficar pronto, o ‘chão negro’ que agora se insinua no formato de ainda pequenas manchas negras sobre a terra avermelhada do lugar vai tornar mais fácil a vida de quem precisa se deslocar de Januária, onde o asfalto e a ponte sobre o rio São Francisco foram incorporados à paisagem há mais de duas décadas, até as cidades de Manga e Montalvânia, além dos municípios da vizinha Bahia.
Os operários da Empa Engenharia e Serviços, a empresa responsável pela obra entre Montalvânia e Pitarana, executaram na última semana a primeira etapa do serviço que recebe o nome técnico de imprimação – que é a aplicação de camada de material betuminoso sobre o leito da rodovia já compactado em etapa anterior da pavimentação da rodovia.
A imprimação coloca sobre a base concluída a camada de betume que antecede o asfalto propriamente dito. A função da imprimação, explica a equipe de comunicação social no site do empreendimento, é promover condições de aderência entre a base e o revestimento asfáltico.
Era dia de jogo do Brasil pela Copa do Mundo da África e o extremo norte-mineiro também voltava todas suas atenções para a pátria de chuteiras. Naquele final do mês de junho de 2010, a poucos dias do prazo final que vetava a liberação de recursos federais por conta das eleições presidenciais, o então ministro interino dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, foi à região em companhia dos deputados Paulo Guedes e Virgílio Guimarães (na foto ao lado\arquivo).
Na visita relâmpago, o agora novamente ministro Passos assinou as ordens de serviço que autorizaram o início das obras da BR-135 nos subtrechos entre Manga e Montalvânia (com extensão de 64 quilômetros) e Montalvânia à divisa com a Bahia (18,1 quilômetros de extensão).
A ida do ministro dos Transportes ao extremo Norte de Minas foi gesto bastante para sinalizar que, desta vez, poderia ser diferente e o fim das muitas promessas não cumpridas governo após governo ao longo das últimas três décadas, quando tudo parecia indicar que era mais fácil o homem pisar na lua do que um ministro de Estado deixar seu gabinete com ar-condicionado aqui em Brasília para enfrentar o calor permanente do sertão norte-mineiro.
Cerca de três meses após a assinatura das ordens de serviços os primeiros agentes das empresas licitadas chegavam à região para dar início à implantação dos canteiros de obra. Seria diferente agora?
Tudo indica que sim. O governo estadual também se move para interligar uma das regiões mais isoladas de Minas Gerais, e a bem da verdade até de forma mais ágil que a União. A população de Montalvânia comemora também outra frente de asfalto em boras na região. Quem trafegar pela rodovia MGT-030, que liga as cidades de Montalvânia a Juvenília, pode constatar que o sonho de trafegar em estradas com qualidade melhor já é realidade. De acordo com a narrativa do repórter-fotográfico Clever Inácio (www.norticias.com.br), a rodovia estadual já ulotapassou o limite territorial do município de Montalvânia e avança agora na direção de Juvenília.
Mais um verão com muita lama entre Manga e Montalvânia
Se já possível comemorar o sonho do asfalto que parece mais próximo, nem tudo é festa para a população de Montalvânia. As primeiras chuvas que caíram na região na semana passada mostraram que, mais uma vez, motoristas e transeuntes vão enfrentar muita lama e transtornos nos deslocamentos entre Manga e Montalvânia. Apesar de pouca, a chuva que caiu na região indicam para dificuldades na vida dos usuários da BR-135 e para a possibilidade de atrasos na conclusão da obra de pavimentação, já que parte dos serviços de terraplanagem executados na rodovia podem ser perdidos com as precipitações do verão.
Segundo Clever Inácio, os estragos já começam a aparecer nas obras de pavimentação ao longo da estrada entre as comunidades de Monte Rei e Pedra Preta. “Mal começou a chover e o que se via era muita água nos desvios construídos para desviar o fluxo de veículos”, conta Inácio, que reporta a formação de “verdadeiras lagoas” com o acúmulo da água represada, o que já dificultaria o trânsito de veículos pequenos. “Já temos uma ideia daquilo que os usuários da estrada vão enfrentar caso as empresas responsáveis pelos serviços não tomem providências para resolver o problema”, acrescenta o repórter do site Nortícias.
Fica o alerta, mas o mais provável é que o norte-mineiro deva mesmo se preparar para mais um período de transtornos na travessia entre as duas cidades. Nos últimos períodos chuvosos o tráfego entre Manga chegou a ser interrompidos por usuários, em protestos pelas péssimas condições da rodovia. No auge das chuvas, as linhas de ônibus regulares entre as duas cidades chegaram a ser suspensas e a viagem que dura em torno de duas horas passa a consumir cerca de 10 horas. A perspectiva de curto prazo não é das melhores, mas agora está lá o risco escuro estendido no chão do sertão.
FONTE: www.luisclaudioguedes.com.br Edição:Folhadovale.Net