Rudimar e Corby são condenados à prisão por fraudes em licitação na Prefeitura de Itacarambi
O empresário e o ex-prefeito vão cumprir suas penas, inicialmente, em regime inicialmente fechado no Presídio Regional de Montes Claros
Por: Luis Claudio Guedes

Caso o leitor vá até a janela e dê uma espada em volta, talvez não encontre muitos motivos para acreditar que o Brasil melhora um pouco do velho atavismo que o impedem de ocupar o lugar de destaques entre nações que a sua pujança faria supor. Nossas mazelas continuam aí, a corrupção que nos atrela ao chão das subpotências entre elas.
Mas eis que surgem boas notícias nesse cenário pós-julgamento do chamado processo do mensalão – e o fato, inédito na história da nossa República, de que muita gente graúda, políticos ex-ministro e até banqueiros foram para na cadeia. Os ventos da moralidade parecem tomar direção e sopro também para o Norte de Minas, pedaço brasileiro de natureza tão inóspita, e desde sempre esquecido pelo Estado.
Se não, vejamos. Coube ao repórter Fábio Oliva trazer a público a informação de a juíza Karen Castro dos Montes, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Januária, condenou à prisão o empresário, e até pouco tempo intocável, Marcos Vinícius Crispim, o Corby, e o ex-prefeito de Itacarambi Rudimar Barbosa (2009/2012). A decisão saiu no apagar das luzes de 2013, no dia 27 de dezembro, e sentencia Corby a 12 anos de detenção por fraude em licitação e desvio e apropriação de recursos públicos do município de Itacarambi, durante a gestão de Rudimar, também condenado no mesmo processo 9,5 anos de reclusão.
O empresário Marcos Vinicius ‘Corby’ Crispim foi detido pela Polícia Federal em 27 de maio do ano passado, durante a operação ‘Sertão Veredas’, que investigava fraudes em licitações em várias cidades do Norte de Minas, Bahia e Espírito Santo. O ex-prefeito Rudimar, inicialmente considerado foragido, foi detido três dias depois, após se apresentar à Delegacia da Policia Federal em Montes Claros.
Multas e danos irreversíveis
A magistrada negou aos réus o direito de recorrer em liberdade. O empresário e o ex-prefeito vão cumprir suas penas, inicialmente, em regime inicialmente fechado no Presídio Regional de Montes Claros. Há a possibilidade de progressão para o semiaberto e de recurso à decisão. Além da pena de prisão, Corby e Rudimar Barbosa foram condenados a pagamento de multas e ao ressarcimento dos prejuízos ao município. Corby deve pagar R$ 405,4 mil a título de multa e a devolver R$ 100 mil para a Prefeitura de Itacarambi. Já o ex-prefeito Rudimar foi multado em R$ 144,8 mil e a ressarcir os cofres públicos em R$ 100 mil.
O também réu no processo David Gonçalves Taboadas foi absolvido das acusações. Para a juíza Karen Castro, Corby e Rudimar demonstraram conduta de “gravidade superior, porque os condenados fraudaram licitações e desviaram valores em região extremamente pobre, como o município de Itacarambi, e se valeram utilizaram da pouca instrução e simplicidade da população para aplicar golpes e lesar deliberadamente o erário municipal”.
Para a magistrada, a repercussão do episódio é “imensa e os danos praticamente irreversíveis”, ao considerar que a população depende do Estado para quase tudo, principalmente para suas necessidades básicas e práticas como essa, de corrupção das instituições públicas, privam essas pessoas de absolutamente tudo, ou seja, do pouco que já têm.
Se o leitor veio até aqui, talvez tenha motivo para voltar à janela e vislumbrar com algo diferente nesse raiar de 2014 nos céus do Brasil. Pode ser. Os corruptos vão à luta todo santo dia em busca de atalhos para chegar ao dinheiro fácil dos nossos erários. A corajosa mensagem da juíza Karen Castro ao gatunos dos dinheiros públicos que tanta falta faz ao sertanejo dos pequenos municípios do norte-mineiro é de que o crime, talvez, não compense. Ou, alvissaras, quem sabe chegamos ao necessário patamar de menor tolerância à corrupção.
O empresário e o ex-prefeito Rudimar respondem a outros processos. A condenação anunciada ontem é a primeira dos dois em casos relacionados à corrupção e diz respeito aos pagamentos autorizados por Rudimar para a empresa Corby Veículos Ltda., após licitação suspeita para a compra de ônibus do transporte escolar. Segundo a denúncia do Ministério Público, durante a gestão de Rudmar Barbosa, o município pagou por consertos de veículos da empresa do empresário Corby. Além disso, o empresário vendeu ônibus para o município com valores superfaturados em até 75% do valor de mercado.