Prefeito de Montalvânia usa veículo oficial para levar família a balneário na Bahia

Por:Luis Claudio Guedes

A confusão do público com o privado é uma velha chaga brasileira, como o demonstra os usos corriqueiros de aviões da FAB por parte de ministros e outras figuras da República. A incidência dessa prática nociva também ocorre nos pequenos e isolados municípios. Esse tipo de comportamento, no entanto, tem sido cada vez menos tolerado, como demonstra o mau exemplo que vem de Montalvânia, no extremo norte-mineiro. O advogado e jornalista investigativo Fábio Oliva revela, em seu blog, o vacilo do prefeito daquele município, Jordão Missias Lopes Medrado (PR), acusado de ter utilizado veículo oficial e combustível pago com recursos dos contribuintes para levar a família no domingo (16/03) ao balneário Águas Praiadas, localizado no município de Feira da Mata, no vizinho estado da Bahia.

O exemplo de descaso com o dinheiro público acontece na mesma semana em que Jordão Medrado, prefeito em primeiro mandato, anunciou o cancelamento tradicional evento de comemoração do aniversário de emancipação do município, previsto para o dia 21 de abril. Medrado alegou dificuldades financeiras para deixar de realizar a festa.

Jordão olhou a floresta da responsabilidade administrativa, mas parece ter se esquecido de regar a pequena árvore dos bons exemplos. O lazer do prefeito às margens do Rio Carinhanha foi flagrado pelo advogado Geraldo Flávio de Macedo Soares, dirigente ONG Verdade, Independência e Desenvolvimento da Associação Cochanina (Vidac), organização de controle social sobre a coisa pública e de combate à corrupção. Macedo promete levar ao caso ao Ministério Público em Montalvânia e à Procuradoria Regional de Defesa do Patrimônio Público, em Montes Claros, ainda nesta sexta-feira (28).

Na denúncia vai constar o detalhe de que o prefeito teria conduzido a picape modelo Triton L-200, cor prata, placas HLF-7824 de volta a Montalvânia após ter ingerido algumas cervejas. O passeio contou ainda com a participação da mulher do prefeito, Bethy Viana Silva Medrado, da sua filha e secretária Municipal de Ação Social, Érika Veruska Viana Medrado, além da empregada doméstica da família.

O episódio vem à baila no momento em que prefeitos do Norte de Minas reclamam da falta de recursos por conta da queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Volta e meia alguns deles tomam medidas extremas, como o fechamento das prefeituras em sinal de protesto ou correm aqui para Brasília, onde engrossam a fila dos protestos pela liberação de mais verbas para os municípios.