“Desvio da Prefeitura de Guanambi começou na gestão de Nilo Coelho”, diz Carla Maria

GUANAMBI — A revelação de um desvio milionário na pasta da Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura de Guanambi, na região sudoeste da Bahia, iniciou na gestão do então prefeito Nilo Coelho (União Brasil). A declaração foi dada pela secretária Carla Maria, durante entrevista ao radialista Mario Filho, da 96 FM, na manhã de sexta-feira (12).

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Carla disse que o desvio teria iniciado em agosto de 2021 e ela assumiu em 2022. A denúncia da secretária coloca a gestão de Coelho, que se afastou por questões de saúde, na mira de apuração da justiça, além de confirmar uma reportagem da Folha do Vale.

Questionada sobre como funcionava o esquema, ela respondeu que, de início, Tiago Francisco Castro de Souza, 37 anos, criava receita como prestador de serviço, mas posteriormente colocou direto na sua conta.

“Ele nem sequer teve o trabalho de criar uma nova conta, era direto em sua conta”, comenta Carla.

Carla disse que no dia 2 de setembro solicitou o acesso à conta, mas Tiago ficou enrolando. Inclusive, ela teria questionado se ele tivesse dificuldade, ela solicitaria ao diretor para o Banco do Brasil.

Conforme Carla, após acessar a máquina, descobriu que havia um desvio específico para a conta do servidor, então ela ligou para um técnico. Constatado, ela entrou em contato com o prefeito Nal Azevedo (Avante).

“No mesmo momento, o gestor mandou exonerá-lo do cargo. No dia 4 solicitei a auditoria e, no dia 5 registramos uma ocorrência. Já na terça-feira (9), procuramos o Ministério Público (MP), que imediatamente pediu a prisão preventiva e o bloqueio dos bens, além disso, foi comunicado aos aeroportos para que não houvesse fuga”, lembra ela.

A secretária disse ter contato com Tiago, então, questionada se ele agiu com mais alguma pessoa, ela comentou que foi sozinho. Ela explicou que só ele tinha acesso ao computador central, além de trabalhar em uma sala sozinho.

Carla disse que, desde que teve acesso a Tiago, ele não compareceu mais ao trabalho, por isso, foi aberto um processo administrativo. Ela disse que o município tem 60 dias para concluir o processo administrativo por se tratar de um servidor efetivo.

Depois da entrevista do secretário, o advogado José Cardoso Júnior, Dr. Júnior se manifestou. O advogado disse que não existe nenhum mandado de prisão contra seu cliente, além de afirmar que ele não está foragido.

Horas após a entrevista da secretária, diversos questionamentos surgiram a respeito de uma transição de cargo ou mesmo prestação de contas anuais. Para um advogado ouvido pela reportagem, como se assume uma secretária e só se descobre o desvio mais de dois anos depois?

A reportagem não localizou a ex-secretária para prestar os devidos esclarecimentos, mas o espaço fica aberto. Ninguém da assessoria de Nilo Coelho foi localizado para explicar os desvios.