Lavrador Perde um dos testículos depois de ser torturado por policiais do CIPE/Sudoeste em Malhada
Região vive momentos escabrosos como no período da Ditadura Militar, na região do médio São Francisco
O portal Folha do Vale narra a partir de agora com exclusividade a história de um homem que viveu horas de terror zona rural dos municípios de Malhada, sudoeste da Bahia e Manga, no norte de Minas, no dia 30 de outubro.
Agnaldo Timóteo da Silva reside em Manga, foi acusado de ter roubado armas na fazenda do Coronel Inácio Paz de Lira Junior, localizado no município de Malhada, no sudoeste da Bahia, sendo submetidas torturas praticadas por policiais da Companhia Independente de Policiamento Especializado/Sudoeste – CIPE/Sudoeste. O mesmo citou que chegou a pensar que não fosse sobreviver há tanta crueldade praticada por pessoas que deviam proteger o cidadão, más preferiram usar técnicas medievais.
A barbaridade cometida pela tropa da Companhia Independente de Policiamento Especializado/Sudoeste – CIPE/Sudoeste têm as mesmas características dos crimes cometidos nos “Anos de Chumbo” do período mais repressivo da ditadura militar no Brasil, de 1968 a 1974. Agnaldo foi acusado de ter roubado armas na fazenda do Coronel Inácio Paz de Lira Junior, localizada no município de Malhada, na divisa com o estado de Minas Gerais com a Bahia, no dia 14 de setembro.
As acusações segundo o advogado que foram feitas pela polícia contra seu cliente, foram desqualificada por não existirem provas consistentes. A polícia teria feito às acusações apenas baseadas em suposições de terceiros.
A vítima disse ao portal Folha do Vale, que foram horas de torturas, onde eles (polícia) pegaram sua filha colocaram dentro de uma viatura e levaram até o local que ele estava trabalhando. “Na frente da minha família introduziram um pedaço de madeira no meu ânus, molhavam o pano e colocavam no meu rosto para eu confessar um crime que não cometi. Eles batiam tanto nas minhas partes íntimas que fiquei dias sem urinar e defecar. Todo esse período fiquei em cárcere na delegacia”, disse.
Para o advogado da vítima Silas Oliveira da Silva, o fato chama a atenção da sociedade pelo pela crueldade cometida pela polícia que agiu com barbárie. “Quando cheguei à delegacia de Carinhanha para conversar com meu cliente deparei com uma cena chocante, então informei o delegado que relatou não ter conhecimento da situação. No mesmo momento informei a justiça sobre essa situação do detento, que imediatamente foi encaminhado ao hospital para receber os primeiros atendimentos. Agnaldo já estava há mais de três ou quatro dias sem defecar ou urinar, ele sentia muita dor”, disse Silas.
Segundo Silas, diante da cena que só era visto no período da Ditadura, o Ministério Público emitiu a manifestação favorável ao seu cliente, citando que não visualizou fundamentos que decretaram sua prisão preventiva, quando foi homologada prisão em flagrante. Baseado nos documentos que tinha em mãos, o promotor concedeu a liberdade provisória ao réu.
A vítima recebeu os primeiros cuidados médicos no hospital Maria Pereira Costa (Dona Quinha), em Carinhanha, sendo transferido para um centro especializado em Guanambi, onde teve que retirar um dos seus testículos correndo risco de perder o segundo. Agnaldo ficou impotente em decorrência da sessão de tortura.
De acordo com o advogado, seu cliente recebeu alta dia 3 dezembro,gastando o que não tinha com remédios e gastos hospitalares. O advogado informou que vai acionar o Estado e pedir indenização para pelo menos tentar reparar alguma coisa, já que o psicológico do seu cliente não existe mais.
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Redação www folhadovale.net