Vício de produtor de conteúdo de Carinhanha em jogos de azar é questão de saúde pública
"O vício em jogos, mais conhecido como dependência tecnológica, é capaz de causar alterações cerebrais", diz a pesquisa.
CARINHANHA — A revelação do produtor de conteúdo Gladson Santos na última sexta-feira (4), de que é viciado em jogos de azar, chocou as pessoas ao ser compartilhada por ele na sua rede social.
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Uma pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) mostra que um a cada quatro adolescentes brasileiros faz uso excessivo de jogos online. “O vício em jogos, mais conhecido como dependência tecnológica, é capaz de causar alterações cerebrais”, diz a pesquisa.
Gladson admitiu que também fazia publicidade para essas plataformas de jogos, inclusive relatando que enfrenta dificuldades relacionadas ao vício. O jovem explicou que a falta de controle tem comprometido sua saúde mental e também sua situação financeira.
Depois da declaração do produtor de conteúdo, outras pessoas procuraram a reportagem para relatar o mesmo problema. Um morador de Palmas de Monte Alto disse que sua companheira apostou R$ 20 mil em jogos.
Ao Portal Folha do Vale, ele disse que fez um acerto com a empresa em que trabalhava e deixou o dinheiro para comprar um lote, já que ele paga aluguel. “Ela foi usando o dinheiro e, 30 dias depois, não tinha mais nada. A gente separou 20 dias e voltamos”, diz ele.
Para uma moradora do bairro São Francisco, ela compara o vício pior do que drogas. Ela disse que a filha faz tratamento após perder quase R$ 50 mil. “Ela [filha] passava o dia inteiro apostando e chegou a fazer empréstimo em banco, acumulando dívida”, comenta.
A pesquisa aponta que o vício em jogos é o terceiro mais comum no país, ficando atrás apenas do álcool e do tabaco. Um problema que se intensificou na pandemia — e para o qual a rede pública de saúde não está preparada.