Reportagem da semana: Pré-candidaturas LGBTI+ enfrentam dificuldades em Carinhanha

Dos mais de 70 pré-candidatos a vereador que concorrerão a uma vaga na Câmara, não apareceu uma liderança identificada com a pauta LGBTI+.

CARINHANHA — Ser candidato gay em Carinhanha é assinar um atestado de marginalidade? Boa parte da população não-heteronormativa ainda tem esse pensamento, muitas vezes por medo de enfrentar não só o preconceito e a discriminação, mas também por não se assumir.

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Dos mais de 70 nomes que concorrerão a uma vaga na Câmara de Vereadores no pleito de 6 de outubro, ainda não apareceu uma liderança identificada com a pauta LGBTI+. Se tem esse nome ainda não abraçou. O conservadorismo na política ainda é uma barreira que gera dificuldades?

O número de candidatos LGBTI+ em Carinhanha, mesmo não assumido, aumentou em relação às eleições municipais de 2020, mas ainda continua de forma tímida. Não há dados oficiais porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não questiona essa informação, mas a Aliança Nacional LGBTI+ promove uma campanha de incentivo.

A Aliança Nacional LGBTI+ explica que no Brasil, um dos países onde mais se matam pessoas LGBTQIA+ no mundo, com uma estimativa de uma vítima da homofobia a cada 23 horas, 60% dos eleitores afirmam que votariam em um candidato assumidamente gay.

Em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que no Brasil, são 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais se declaram lésbicas, gays ou bissexuais. Foi a primeira vez que esse dado foi coletado entre a população brasileira e, na avaliação do instituto, ainda pode estar subnotificado.

De acordo com Cleyton Feitosa, autor do livro Políticas Públicas LGBT e Construção Democrática no Brasil, doutorando em Ciência Política pela UnB, candidaturas dessa comunidade enfrentam dificuldades para além da falta de interesse dos partidos em financiar campanhas que não consideram promissoras.

Ele cita que o problema não é só em cidades do porte de Carinhanha, mas em grandes cidades. Ele acredita que essa realidade mudará, porém, exige um esforço também por parte da comunidade que não pode cruzar os braços. 

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