Quilombolas de Palmas de Monte Alto reivindicam escola e UBS, mas prefeito diz que município não pode atender no momento

O prefeito afirmou que o problema não é construir unidade de saúde em Aroeira, mas manter ela funcionado como recomenda os órgãos.

Moradores de Aroeira.
Moradores de Aroeira.

PALMAS DE MONTE ALTO — O quilombo de Aroeira, que compõe 23 comunidades na zona rural de Palmas de Monte Alto, no sudoeste da Bahia, cobram escola e uma unidade de saúde. Distante 30 quilômetros da sede, essas comunidades foram reconhecidas pela Fundação Palmares em 2015.

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A medida respeita o direito à autodefinição e facilita o acesso às políticas públicas voltadas para a população negra. Oito anos depois da certificação, os quilombolas enfrentam dificuldades para garantir esses direitos.

A reportagem do Portal Folha do Vale esteve visitando essas comunidades, visando mostrar a realidade vivida por cada morador. Essas comunidades integram a chamada região do Baxio. Os remanescentes contam que como não tem uma escola na comunidade, seus filhos saem 05h30 da manhã e retornam às 13h. Já no período vespertino, eles saem às 11h30 e retornam às 18h.

Os pais afirmam que os filhos vivem um verdadeiro martilho, sendo, muitas vezes, discriminados por professores que não entendem. O aluno precisa ir até o Distrito de Rancho das Mães ou na Sede, por falta de escola no território quilombola. Outros alunos estudam em Riacho de Santana, já que o acesso é melhor e também mais perto.

“A farda é branca e como tem muita poeira os alunos chegam sujo na escola, aí somos criticadas dizendo que é falta de higiene”, comenta Vanda Santos de Oliveira-Vargem Comprida.

Os moradores desse território disse que o poder público alega que não tem aluno, no entanto, o último levantamento segundo eles passam de 700 alunos. “A gente precisa ser visto pelo poder público, mas somos ignorados”, comenta uma mãe.

Questionado sobre saúde, eles contam que o atendimento é feito na comunidade de Campo de Baixo, distante 40 quilômetros, ou na Sede, com 10 quilômetros a menos. “É muito difícil para todos nós, por isso que pedimos ajuda do poder público para olhar por essa gente”, comentou Leonardo de Oliveira Brito, presidente da Associação de Vargem Comprida.

Em resposta ao Portal Folha do Vale, o prefeito Manoel Rubens respondeu que os moradores dessas comunidades são assistidos pelo poder público. Ele explicou que os alunos têm transporte escolar diariamente, afirmando que o número de alunos é insuficiente para a abertura de uma escola.

Questionado sobre a construção da unidade de saúde, o chefe do Executivo disse que o problema não é construir uma unidade de saúde, mas manter essa unidade funcionado. “Reconheço a necessidade dessas comunidades, entretanto, não tenho como manter uma unidade funcionado. A partir do momento que é construída uma UBS nasce uma demanda, então não adianta construir e não funcionar”, comentou.

Manoel informou que os moradores dessas comunidades são atendidos em Campo de Baixo, além disso, existe atendimento uma vez por mês na comunidade de Aroeira. “Pensa que eu não queria que cada localidade tivesse uma unidade de saúde, mas não tenho como fazer isso. Nosso governo sempre assistiu essas comunidades”, encerrou.

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