Na base do improviso, Anastácio ainda corre o risco de desagradar população de Manga
Fosse mantida a data original das comemorações, Manga estaria festejando 90 anos da sua emancipação político-administrativa. Em qualquer lugar do mundo isso daria azo para grandes comemorações.
Por: Luis Claudio Guedes

A improvisada mudança das comemorações alusivas à criação do município de Manga de setembro para este mês de outubro parece não ter sido a melhor solução para resolver a falta de planejamento da atual administração. O prefeito do município, Anastácio Guedes (PT), parece ter perdido o mote da importante efeméride. Fosse mantida a data original das comemorações, Manga estaria festejando 90 anos da sua emancipação político-administrativa. Em qualquer lugar do mundo isso daria azo para grandes comemorações.
Não é que se percebe em Manga. A 10 dias da realização da festa fora de época e escopo histórico, a Prefeitura de Manga ainda não deu início à divulgação do evento. Até agora, ninguém sabe direito quais serão as atrações da festa e o clima antecipado é de não vi e não gostei.
O responsável pelo evento é o secretário de Administração e Planejamento, Diogo Moreira, que assumiu oficiosamente a condução dos assuntos ligados à cultura e ao lazer no município. Também oficiosamente, sabe-se que o cantor Renato Teixeira será uma das atrações da festa. A outra deve ser o mais do mesmo da banda Batukerê, da cidade de Conceição do Coité, na Bahia. A banda toca axé universitário (seja que diabo for isso).
A organização da festa está a cargo da empresa Prata – Produções Artísticas, que é dirigida pelo microempresário e mui amigo da administração Valdemir Alves de Souza, o Miro de Miravânia. Já o show do caipira Pirapora Renato Teixeira teria sido contratado de uma empresa promotora da cidade mineira de São Francisco.
O site Em Tempo Real tentou falar com o secretário Diogo Moreira para confirmar a lista de atrações e o motivo da falta de divulgação do evento. Em viagem a Belo Horizonte, o secretário não retornou as várias tentativas de contato durante o final de semana e nesta segunda-feira. O que se sabe extraoficialmente é que o prefeito Anastácio Guedes destinou cerca de R$ 80 mil para a realização da festa.
A Prefeitura de Manga chegou a anunciar a realização da festa para o 7 de setembro, mas voltou atrás. O Sete de Setembro é o dia em que foi assinado o decreto que criou o município, em 1923, e tem sido, tradicionalmente, a data da comemoração do aniversário da cidade. Há uma corrente minoritária, que advoga a tese de que a data correta seria o 19 de outubro de 1924, quando se deu a instalação do município.
Festa light
A explicação para a mudança de datas por parte da administração teria sido a falta de recursos para bancar a festa em setembro, porque a Prefeitura havia realizado a primeira micareta da cidade pouco antes, durante as férias de julho. Outra razão para a mudança da data da festa teria sido o atraso na realização das licitações para a contratação das bandas. Diogo Moreira disse que o governo petista pretendia mudar o perfil desses eventos, que repete o lugar comum de trazer apenas gente ligada ao axé baiano ou a ritmos da estação como o arrocha.
Anastácio acolheu a sugestão de tentar oferecer opções mais light e que atenda a outros paladares musicais – que não somente aquele de majoritário e duvidoso gosto estético. Chegou-se a cogitar a contratação do cantor Geraldo Azevedo. A 10 dias da festa, contudo, o que se vê é uma mistura de aparente amadorismo e improviso na realização da festa. Nos bastidores há um comentário de que o evento poderia ser cancelado.
A ser verdade o que se comenta nos bastidores, manter a festa agora em outubro (e ela será mantida) pode significar o risco de atraso no pagamento do décimo terceiro ou comprometimento da realização da festa de Réveillon na virada do ano. Resumo da ópera: Anastácio corre o risco de desagradar gregos e goianos. E não é só no quesito gosto musical.
Edição www folhadovale.net