Palmas de Monte Alto: Fundação Cultural Palmares reconhece comunidades Mari e Cedro como quilombolas
As cerca de 200 famílias das comunidades de Marí e Cedro, receberam oficialmente a certidão.
A Fundação Cultural Palmares reconheceu como quilombolas as comunidades de Mari e Cedro,no município de Palmas de Monte Alto,no sudoeste da Bahia, no último final de semana.O documento foi entregue pelo coordenador do projeto Quilombolas, Antônio Fernando, da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir).
As cerca de 200 famílias das comunidades de Marí e Cedro, receberam oficialmente a certidão de autorreconhecimento que não representa só o reconhecimento da identidade étnica do grupo,mas,é a reafirmação, pelo estado brasileiro, dos direitos historicamente adquiridos por estas comunidades.
Com muita festa, as comunidades receberam o certificado, mostrando um pouco da sua cultura para os que estavam presentes. Homens, mulheres, alguns idosos, e crianças se uniram para uma roda de samba, onde a animação foi marca registrada. Cantaram cantigas, desfilaram carregando as comidas típicas do local, com os artesanatos produzidos e com seus instrumentos de trabalho.
Herança
Para a presidente da Associação de Marí, Edileide Nascimento Ramos, foi um dia muito especial para todos. “Depois de uma luta árdua conseguimos conquistar o reconhecimento da Fundação Palmares, que será importante para recebermos benefícios do governo, mas nada é mais importante que a nossa cultura, nossos costumes e essa herança que recebemos dos nossos ancestrais”.
Um dia festivo, em que os remanescentes quilombolas mostraram que, apesar de todos os preconceitos sofridos durante o processo histórico, continuarão a exigir o direito reconhecido na Constituição brasileira de ser um grupo que preserva e vivencia uma cultura própria. Edileide ressaltou o respeito e consideração que a comunidade tem pela CAR, que “nos deu todo o suporte necessário para essa conquista. Com esse grande passo, vamos batalhar agora por mais saúde, educação e qualidade de vida”.
Remanescentes
As comunidades quilombolas são grupos étnicos, constituídos pela população negra rural ou urbana, que se autodefinem a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Estima-se que em todo o país existam mais de três mil comunidades quilombolas.
O Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o artigo 68, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Conforme o artigo 2º do Decreto 4887/2003, “consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”.
Por: (Secom/BA)
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