Guanambi registrou dois feminicídios nos primeiros 324 dias de 2018
“Hoje vivo com uma medida protetiva dentro da bolsa, foi muito difícil conseguir. Na delegacia os atendentes trata a gente com descaso, por isso que muitas desistem. Meu ex-companheiro era muito violento, era violentada quase todos os dias”, disse ela
O número de casos de violência contra a mulher aumentou na cidade de Guanambi, nos primeiros 324 dias de 2018. Mesmo com a implantação da Ronda Maria da Penha, Guanambi ainda lidera os casos de violência contra a mulher, na área coberta pela 22ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin) e 17º Batalhão de Polícia Militar.
Os dados foram divulgados pela coordenadora da Ronda Maria da Penha, Tenente Jacimara Moura Ornelas, na noite de segunda-feira, 19 de novembro, durante o diálogo “Todos Por Elas: Estratégias de superação da violência contra a mulher”, no campus do Centro Universitário-UniFG.
De acordo com a coordenadora, foram registrados dois feminicídios nos primeiros onze meses de 2018. Para ela, a falta de delegacia especializada para atender essas vítimas contribui para o silêncio dessas pessoas, mas não é só isso. “Muitas vezes elas são constrangidas no momento em procuram o órgão para denunciar o ocorrido”, disse Jacimara.
Segundo Jacimara, quando foi implantada a ronda na cidade era 15 vítimas assistidas, hoje são mais de 70. Ela destacou que o Poder Judiciário tem dado uma atenção especial aos casos de violência contra a mulher, desferido várias medidas protetivas. Essas medidas não protegem 100% essas vítimas, más passam mais segurança.
Uma vítima de violência domestica ouvida pelo portal Folha do Vale, afirmou que uma solução imediata seria destinar uma delegada especificamente para atender esses casos. “Hoje vivo com uma medida protetiva dentro da bolsa, foi muito difícil conseguir. Na delegacia os atendentes trata a gente com descaso, por isso que muitas desistem. Meu ex-companheiro era muito violento, era violentada quase todos os dias”, disse ela.
Feminicídio
Feminicídio é um termo de crime de ódio baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres, mas as definições variam dependendo do contexto cultural.
Delegacias
O Brasil possui uma delegacia com atendimento à mulher a cada 12 municípios, o que totaliza 499 distritos policiais especializados distribuídos por 447 cidades pelo país. Desses, 368 são unidades Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher), que possuem serviço exclusivo, e 131 são núcleos especiais, postos ou departamentos com mais de um segmento de investigação funcionando dentro de delegacias comuns da Polícia Civil dos Estados.
Redação www folhadovale.net