A Morte do Filósofo Olavo de Carvalho revela a pior parte do ser humano
Uma farsa para alguns. Um gênio para outros. Não havia meio-termo para Olavo de Carvalho. E assim ele gostava. Não era escravo de ninguém e de nenhuma ideia.
Revisando algumas mensagens, lendo algumas manchetes me deparei com uma lista curiosa de manifestações odientas ao recém-falecido Olavo de Carvalho. Tão logo pousei os olhos em tamanho rancor, imaginei o prazer intelectual do filósofo, estivesse ele acompanhando a reação à sua morte.
Primeiro, por vencer, mais uma vez, a indiferença que castiga a maioria daqueles que já pisaram nesta Terra; segundo, por atestar a acuidade da sua descrição e crítica às contradições do sistema moderno corrompido e, especialmente, à paralaxe cognitiva. Olavo de Carvalho.
Controverso e polêmico para muitos. Um filósofo e um mestre para milhares de alunos espalhados pelo mundo. Uma farsa para alguns. Um gênio para outros. Não havia meio-termo para Olavo de Carvalho. E assim ele gostava. Não era escravo de ninguém e de nenhuma ideia.
Mas eu não estou aqui para te convencer a gostar de Olavo de Carvalho. O mergulho em sua obra, e não no personagem politicamente incorreto das redes sociais, é um mergulho que faz parte de uma decisão pessoal. O que eu posso dizer é que quem leu uma obra do escritor entende que ele foi um homem à frente do nosso tempo. Muito além do barulho vazio das discussões supérfluas das tóxicas plataformas sociais. Mas, como disse, não estou aqui para te convencer nem sequer a ler um artigo ou um livro do professor.
Essa é uma viagem individual com passagem só de ida. É uma decisão extremamente particular exatamente por ser uma viagem sem volta. Comecei a ler Olavo pelo seu site, quando ainda era um jovem. Era leitura imperdível, e Olavo abriu meus olhos para as ameaças do Foro de SP quando muitos no próprio mercado ainda flertavam com uma imagem falsa de Lula moderado.
Eu poderia escrever mais 50 mil caracteres sobre os ensaios de Olavo que tocam em pontos da atual realidade e que fizeram despertar. Artigos que em muitas ocasiões fizeram Olavo ganhar nomes pejorativos como “doido” ou “teórico da conspiração”. Mas Olavo falava muito além de política ou geopolítica. E insisto que essa é uma viagem individual que cada um tem de fazer. Olavo também falava — e muito — de Cristo, de amor, de Aristóteles, de Platão, de São Tomás de Aquino, de amizade, de valores, de princípios… Falava de filosofia, de liberdade e sobre a verdade. E tudo de uma forma humana e calorosa, sem o pedantismo e a soberba de acadêmicos e muitos professores.
Olavo conseguiu nos tirar da inércia política em um país que era ignorante e sem cultura. Despertar esse caminho nas pessoas é um dom que poucos têm. Por isso, ele era rejeitado e difamado por seus detratores. Uma vez aberta a porta para as obras do escritor, essa porta daria entrada para um vasto mundo intelectual de independência intelectual. Olavo não era um professor, Olavo era um mestre.
Em minha humilde opinião, o principal valor do legado de Olavo foi chamar a atenção para a guerra cultural em curso, enquanto muitos liberais focavam apenas em aspectos econômicos ou utopias libertárias. Minha guinada mesmo desse libertarianismo para um liberalismo mais conservador simboliza um despertar para esse fato, e apesar de ter tido pouca influência direta do próprio Olavo, não dá para deixar de admitir que sim, Olavo tem razão.
Que o filósofo autodidata descanse em paz! Deixo meus pêsames para seus familiares e amigos, e um atestado de que a contribuição do pensamento conservador de Olavo permanece entre nós. Como ele mesmo disse: “Todos os meus mortos queridos… eu não sinto saudade deles. Porque eles estão presentes, eles existem. Nada do que aconteceu ‘desacontece’. Aquilo que aconteceu aqui durante uma fração de segundo já está na eternidade, nunca mais volta ao não-ser”. Chego a conclusão de que, Olavo conseguiu nos tirar da inércia política em um país que era ignorante e sem cultura.
Em tempos estranhos, quando a coragem parece ter desaparecido quase que por completo, em que a independência intelectual sentou no colo quente dos lobbies e a liberdade anda com uma corda no pescoço, Olavo, mesmo depois de sua morte, continua incomodando aqueles que não conseguiram desqualificar suas ideias. O ódio descabido a um inimigo que trazia conceitos diferentes daqueles que foram impostos durante décadas no Brasil não surpreende. A onda descabida de ataques ao nome do professor, bem menor que o vasto caminho de homenagens, só concretiza ainda mais o impacto de seu trabalho contra a miséria intelectual e a mesquinhez humana.
As milhares de vidas transformadas pelo controverso e genial ser humano que deixou esta breve vida em direção a uma melhor na última segunda feira; essas milhares de vidas salvas, seja por uma primeira tomada de consciência de si, seja pela conversão religiosa e recuperação da fé, formam o quadro de sua obra maior, radicada na essência do cristianismo – uma caminhada pessoal francamente orientada por Jesus Cristo. Que os detratores de Olavo mordam as línguas; o desbocado professor, para além de escritor exímio, reformador da cultura e satirista impagável, foi mesmo um irrigador de corações.
Pessoas maravilhosas que foram lapidadas pela aura da bondade humana, forjada nos erros e nos acertos, darão continuidade aos propósitos defendidos por este grande homem. Seguirei caçando hipócritas, alimentando as árvores das ideias e não dos homens, e seguiremos na defesa inviolável e inegociável da liberdade. Porque não somos homens e mulheres de geleia. E sabe quando vamos parar? Nunca.
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