Prefeito de Januária demite mais de 500 funcionários

Medida autoriza demissão de pelo menos 500 servidores temporários Estão suspensas todo tipo de despesas e até ligações telefônicas dos funcionários serão controladas

Por: Luis Claudio Guedes

O prefeito de Januária, Manoel Jorge de Castro (PT), desistiu de manter a consistência gelatinosa que caracterizou seu mandato até aqui. Em decreto publicado no final de semana por um jornal local, o prefeito estabelece um duro (e corajoso, se for mesmo adiante) plano com medidas para contenção de despesas. A adoção das restrições orçamentárias é tentativa de por fim à sangria da dívida pública do município – que não para de crescer e, segundo o mesmo decreto, alcança agora a soma de R$ 50 milhões.

Notícias extraoficiais dão conta que o passaralho na Prefeitura de Januária pode atingir entre 500 e 800 servidores contratados – especialmente aqueles herdados da administração anterior e mantidos em seus cargos. O número corresponde a cerca de 20% dos mais de dois mil servidores em folha de pagamento. O assessor de comunicação do município, Reginaldo Ribeiro, desmente a informação e diz que ainda não há um número fechado sobre o número de demissões. As demissões devem atingir 500 contratos em regime temporário.

“O espírito de bom cristão e a postura humana do prefeito Manoel Jorge fizeram com que ele evitasse demitir o pessoal contratado que herdou do prefeito anterior logo após assumir o cargo. Agora não será mais possível manter esse estado de coisas”, disse ao Em Tempo Real o assessor Reginaldo. A administração nomeou uma comissão, que tem prazo de 60 dias para apresentar os primeiros resultados das medidas.

Manoel Jorge diz que herdou R$ 10 milhões em dívidas do seu antecessor, Maurílio Arruda (2009/2012). São despesas relativas a restos a pagar com salários de servidores, fornecedores, energia elétrica, água e telefone. Uma leitura rápida do decreto permite concluir que o município de Januária, que atravessa uma quadra quase interminável de crises políticas (inclusive com alguns de seus ex-gestores presos ou enrolados com a Justiça), está literalmente quebrado. O decreto suspende ainda o patrocínio a festas e eventos diversos, concessão de patrocínio, doação de passagens para pessoas carentes e até mesmo os anúncios publicitários em mídias impressas e eletrônicas.

Até aqui, o atual prefeito tentava evitar jogar a culpa no governo Maurílio Arruda pelas dificuldades que enfrenta desde a posse. Agora não mais. O petista Manoel Jorge parece ter percebido que o seu mandato corre o risco de ir para o espaço se não buscar solução para a crise e tentar dar uma volta por cima antes do ano eleitora de 2016. A dívida consolidada do município bate agora na casa dos R$ 40 milhões. São débitos renegociados com as concessionárias fornecedoras de água, luz e telefone, além da dívida com o Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Januária (Prevjan). Resumo da ópera: Manoel Jorge percebeu que foi eleito para administrar uma espécie de ‘massa falida’ e que pode perder a reeleição – a exemplo do que aconteceu com o antecessor – se não tentar uma freada de arrumação.

Edição www  folhadovale.net

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