Gestante de Bom Jesus da Lapa alega dificuldade para tomar vacina da Covid-19
A gestante que tomou a primeira dose da Astrazeneca, agora tenta completar seu esquema vacinal com o imunizante de outra farmacêutica, já que o uso da Astrazeneza foi proibido no grupo de grávidas.
BOM JESUS DA LAPA – Uma gestante moradora da cidade de Bom Jesus da Lapa, na região do Velho Chico, tem enfrentado dificuldades para tomar a segunda dose do imunizante contra a Covid-19.
Após tomar uma primeira dose da vacina Oxford/Astrazeneca, ainda sem saber que estava grávida, a mulher tenta agora completar seu esquema vacinal com o imunizante de outra farmacêutica.
A aplicação da vacina da Astrazeneca em mulheres grávidas e puérperas foi suspenso em todo o país pelo Ministério da Saúde, de acordo estudos preliminares a aplicação deste imunizante pode desenvolver ou potencializar risco de trombose nas gestantes.
Após o registro da morte de uma grávida associada ao imunizante, o Ministério da Saúde determinou que estas se vacinassem apenas com os imunizantes da Pfizer ou Coronavac.
Para aquelas que já tomaram a primeira dose da Astrazeneca, quando ainda não existiam evidências científicas concretas do risco à saúde, o Ministério da Saúde permitiu a intercambialidade, que nada mais é que a continuidade do ciclo vacinal com imunizante diferente da primeira dose. No entanto, de acordo com o relato feito ao Portal Bahia Notícias, a Secretaria Municipal de Saúde da cidade se nega a ofertar outro imunizante, versão rebatida pela gestão municipal.
A mulher informou que, ao tentar tomar a segunda dose, enfrentou diversas dificuldades junto ao município. Em um primeiro momento ela foi informada que não poderia ter acesso a vacina, pois o município não teria recebido “nenhuma recomendação da CIB dizendo que iria acatar a nota do ministério, e que eu só poderia me vacinar quando essa nota saísse”, relatou.

A gestante entrou em contato com a ouvidoria do SUS na Bahia, com o secretário de Saúde do município e com representantes da Comissão Intergestores Bipartite da Bahia (CIB). “Falei com a pessoa e ela me disse que estava ciente da nota [do ministério], que teria uma reunião essa semana que acabou não ocorrendo, mas que eles iriam emitir uma nota dizendo para os municípios que o estado iria seguir a recomendação do governo federal”, contou.
“Na sexta-feira fui me vacinar e fui informada que agora o problema não era mais a nota emitida pela CIB, mas sim o seguinte: Que a prefeitura tem a Pfizer para ser aplicada, mas com recomendação de aplicação para primeira dose, e não segunda. Acontece que as grávidas estão se recusando a tomar Coronavac. A minha obstetra não me autorizou a tomar a Coronavac porque ela disse que os estudos que não há estudos que comprovem intercambialidade entre a AstraZeneca e a Coronavac”, disse.
De acordo com a diretora de Vigilância em Saúde de Bom Jesus da Lapa, Lais Sento Sé, apesar do município ter recebido doses do imunizante da Pfizer – que já se esgotaram -, este não poderia ser direcionado para segunda doses de gestantes. “Saiu uma nota do MS dizendo que já poderia fazer intercambilaidade com vacina no caso das gestantes. Que as que tomaram Oxford podem tomar Butantan (Coronavac) ou Pfizer. Essa gestante em questão veio tomar a vacina só que nosso município não tem segunda dose de Pfizer. Quando recebemos para primeira dose, não podemos usar para segunda, senão, não tem como garantir a segunda dose daquela pessoa que tomou a primeira deste imunizante em questão. Foi ofertado para ela a vacina do Butantan e ela se nega a tomar esse imunizante”, justificou.

A diretora informou ainda que outras gestantes estão na mesma situação, e não aceitam tomar uma segunda dose da Coronavac. Estas aguardam a chegada de segunda dose da Pfizer. “Muitas vezes o MS aprova uma coisa, mas não manda as vacinas. Assim como foi com os bancários que foram incluídos depois. Estou no aguardo de receber a Pfizer. Enquanto não receber, não posso fazer outra vacina. Tenho a do Butantan, mas ela se nega a fazer”.
Ao Bahia Notícias, a Sesab informou que mantem a orientação emitida no último dia 20 que orienta que as mulheres que já têm mais de 45 dias de parida devem se vacinar com a segunda dose do mesmo imunizante que tomaram ainda gestantes, enquanto não há estudos conclusivos acerca da eficácia e possíveis consequências da intercambialidade entre vacinas de laboratórios e tecnologias diferentes. Se a primeira dose tiver sido feita com a vacina da AstraZeneca, as mulheres devem aguardar o prazo pós-parto de 45 dias para completar o esquema vacinal.
Ainda de acordo com a Sesab, para este público, a vacinação deverá ser realizada com as vacinas dos fabricantes Sinovac/Butantan e Pfizer/Wyeth, “a vacinação poderá ser realizada em qualquer trimestre da gestação e deve ser avaliada individualmente por cada paciente junto ao seu médico, para avaliação da relação risco-benefício”.
Em relação a possibilidade da Sesab autorizar que os municípios convertam imunizantes destinados à 1ª dose em 2ª dose de gestantes, a pasta informou que quando o “Ministério da Saúde envia doses de vacinas, já determina se os imunizantes devem ser destinados para a primeira ou segunda aplicação”.
Com informações do Bahia Notícias