Descaso com obras federais em Minas e inclui ‘sonho frustrado’ da BR-135 entre Itacarambi e Montalvânia

De concreto, o jornal mostra que o tempo (e os governos) passam e, asfalto que é bom, fica só na promessa. Confira o texto do 'Estado de Minas':

(Foto Fernando Abreu)
(Foto Fernando Abreu)

Texto:Luis Claudio Guedes

Uma reportagem especial da edição de  domingo,23 de fevereiro, do jornal ‘Estado de Minas‘ com o título ‘Monumentos ao desperdício’ aponta o descaso dos governos estadual e federal para com as obras de infraestrutura em Minas.    O foco, contudo, é no sucateamento das estradas, boa parte sob responsabilidade do governo federal. Coincidência ou não, o diagnóstico de abandono da gestão petista para com a infraestrutura viária do Estado sai na mesma semana em que foram iniciadas as primeiras mexidas no tabuleiro da sucessão presidencial de 2012.

A presidente Dilma Rousseff foi lançada à própria sucessão pelo padrinho político Lula, durante as comemorações dos 10 anos do partido no comando do país. Para marcar posição, o tucano Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à sucessão, fez discurso crítico aos petistas da Tribuna do Senado, quando listou o que seriam, na visão oposicionista, os 13 pecados do PT na condução do país. Um dos textos, assinado pelo repórter Luiz Ribeiro, mostra a longa espera da populção do extremo Norte de Minas pela conclusão do trecho de 110 quilômetros da BR-135, entre Montalvânia e Itacarambi. O ex-prefeito de Manga Quinquinha Oliveira (PPS) e o advogado Geraldo Flávio Macedo, de Montalvânia, são os únicos ‘personagens’ ouvido pelo repórter. O deputado estadual Paulo Guedes (PT), que há alguns anos chama para si a paternidade da obra, não foi ouvido. De concreto, o jornal mostra que o tempo (e os governos) passam e, asfalto que é bom, fica só na promessa.

Matéria do Jornal Estado de Minas

Os moradores de Manga e Montalvânia, no Vale do Rio São Francisco, no Norte de Minas, esperam a chegada do asfalto há 30 anos. Em 1998 parecia que a esperança se transformaria em realidade, quando um trecho de 10 quilômetros da BR-135 começou a ser pavimentado. Passados 15 anos, o asfalto da rodovia ainda é sonho. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), existem registros da destinação de R$ 25,5 milhões para as obras da rodovia, em valores de abril de 2002. A primeira paralisação ocorreu em janeiro de 2000.

Do total de 110 quilômetros entre Itacarambi e Montalvânia, o trecho de 48 quilômetros até Manga deveria ter sido o primeiro a ser concluído. No entanto, foi o primeiro a sofrer interrupção e até hoje as obras não foram retomadas. Quem viaja de Itacarambi para Manga, logo que atravessa os primeiros quilômetros, precisa tomar cuidado para evitar acidentes, pois existem apenas trechos de pista pavimentada que se alternam com outros, de terra, evidenciando que as obras foram interrompidas repentinamente.

O ex-prefeito de Manga Joaquim Oliveira Sá Filho (PPS), o Quinquinha, revela que, além de irregularidades apontadas pelo TCU, os serviços na estrada entre Itacarambi e Manga foram interrompidos por problemas no licenciamento ambiental das obras. “Houve dificuldades também pelo fato de a estrada passar dentro de uma área indígena (da etnia xacriabá)”, informou Quinquinha, que administrou a cidade entre 2007 e 2012.

Há pouco mais de dois anos foi iniciada a pavimentação da estrada entre Manga e Montalvânia, dividida em dois trechos: de Manga até o distrito de Monte Rey, um trecho de 44 quilômetros, e de Monte Rey até Montalvânia, com 18 quilômetros. O asfalto do primeiro trecho foi concluído, mas a empreiteira responsável pela pavimentação dos 18 quilômetros restantes até Montalvânia abandonou os serviços há um ano, sem iniciar o asfaltamento.

“No trecho entre Itacarambi e Manga houve uma época que chegaram a colocar uma camada de pedra e brita para receber o asfalto. Aí, interromperam as obras e o serviço que tinha sido feito acabou ficando perdido”, lamenta o advogado Geraldo Flávio de Macedo, que dirige uma organização não governamental (ONG) de defesa da comunidade de Montalvânia.

De acordo com o Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Montes Claros, a empreiteira contratada para asfaltar a estrada abandonou os serviços porque faliu. O órgão informou que está providenciando nova licitação para contratar uma outra firma e também providenciando um novo projeto para a pavimentação do trecho entre Itacarambi e Manga.

Fonte: O Estado de Minas / Jornalista Luiz Ribeiro

Edição www folhadovale.net

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