A Liga dos Camponeses repudia ataque de pistoleiros a mando do latifundiário João Dias e se solidariza com as famílias em Verdelândia
Celulares foram roubados, as motos e veículos que se encontravam no acampamento tiveram tanques perfurados, faróis e setas quebrados, capôs amassados, as roupas e demais pertences dos camponeses queimados!
Na tarde do dia 19 de janeiro, domingo, 35 famílias que haviam reocupado, no dia 18 de janeiro, as terras da Fazenda Torta – Morro Preto, município de Verdelândia (Cachoeirinha), foram covarde e brutalmente atacadas por um bando mais de 10 pistoleiros contratados pelo latifundiário João Dias!
Enquanto as famílias reorganizavam acampamento, os pistoleiros chegaram em duas caminhonetes, encapuzados e com coletes pretos, portando armas longas e revolveres na cintura. Desceram apontando as armas gritando: “Polícia, polícia! Todo mundo pro chão!” Os camponeses que correram para o mato foram alvejados pelos disparos dos pistoleiros. Os demais foram obrigados a deitar no chão e ficar com os rostos voltados para baixo. Os que foram feitos reféns foram torturados sob forte ameaças e xingamentos. Chutes, socos, coronhadas na cabeça, tiros foram disparados e os canos quentes das armas foram usados para queimar os camponeses.
Um vereador, que se encontrava no acampamento apoiando as famílias, recebeu tiros nos dedos da mão e também no braço que cortou uma veia, estando internado em estado grave no hospital de Montes Claros. Uma camponesa de 65 anos levou um tiro de raspão no seu queixo e só não levou mais tiros porque seu neto entrou na frente, levando um tiro nas costas ficando com a bala alojada no pulmão. Dezenas de camponeses, homens e mulheres, foram cortados com golpes de facão. Os pistoleiros roubaram as carteiras e bolsas dos camponeses destruindo os documentos e levando todo dinheiro que havia. Celulares foram roubados, as motos e veículos que se encontravam no acampamento tiveram tanques perfurados, faróis e setas quebrados, capôs amassados, as roupas e demais pertences dos camponeses queimados!
Esses crimes contra o povo têm sido cometidos corriqueiramente em todo o Norte de Minas, particularmente essa região de Verdelândia e Varzelândia já tiveram várias denúncias da existência de grupos armados por latifundiários, que andam a luz do dia ameaçando quem quer que atravesse seu caminho. Várias mortes já foram registradas e nenhuma providência é tomada pelas ditas autoridades, pois esses grupos são acobertados pela polícia e pela justiça e os crimes como estes seguem sem nenhuma punição, desde o histórico massacre de Cachoeirinha!
Criminalização, prisão, tortura e assassinatos de camponeses
no governo do PT e a farsa das 100 desapropriações.
Em Varzelândia dez dias antes, dia 9 de janeiro, o latifundiário e prefeito da cidade Felisberto, junto com seus capangas e acobertado pela PM, dispararam tiros contra uma das lideranças dos camponeses quilombolas que reivindicam as terras prometidas mil vezes pelo Incra no já oficialmente reconhecido território quilombola Brejo dos Crioulos.
O anúncio das “100 desapropriações” da Presidente Dilma do final de 2013 foi feito com muita propaganda eleitoreira para tentar salvar-se da pecha de pior governo para o campo, depois de completamente desmoralizado pelos protestos populares nas grandes cidades. O governo do PT foi o que menos desapropriou terras para reforma agrária desde o regime militar no Brasil, ao mesmo tempo, que foi o período de mais prisões, torturas e assassinatos no campo.
O que aconteceu em Verdelândia e Varzelândia, de ataques de pistoleiros às famílias camponesas, segue a lógica da política do velho Estado brasileiro para a questão agrária: perseguições políticas e ambientais, criminalização, ameaças de despejo, expulsão violenta das terras por pistoleiros acobertados pela polícia militar como ocorreu na fazenda Beirada, em Manga, em dezembro de 2012 ou por tropas da polícia como ocorreu em Rio Pardo-RO no final de 2013, como ameaça ocorrer agora em Manga na Baixa Funda, prisões com ou sem ordem judicial, completa falência e burocratização dos órgãos responsáveis pela reforma agrária, como o Incra, inexistência da titulação das terras, impunidade para mandantes e executores dos crimes contra os camponeses.
Tamanha violência e covardia contra homens, mulheres, crianças e idosos que lutam pelo direito a terra para produzir e viver é a verdadeira “reforma agrária” prometida pelo PT/Lula, é a política agrária do gerenciamento Dilma/PT.
As terras da fazenda Torta – Morro Preto já foram oferecidas pelo INCRA aos camponeses há mais de oito anos. Com a promessa do Incra de vistoria e negociação, dezenas de famílias camponesas passaram a produzir, cuidar de suas criações e viver nas terras. Como o Incra não fez nada, as terras acabaram vendidas para o bandido latifundiário João Dias, que mandou pistoleiros destruir os barracos, colocar gado nas roças e passar o trator na área ocupada pelas famílias.
Enquanto a presidente Dilma Rousseff, oportunistamente em vésperas de eleições, anunciava no apagar das luzes de 2013 “100 desapropriações”, nos tribunais juízes assinavam ordens de prisão e de reintegração de posse e nos quartéis e delegacias eram preparados planos de retiradas de famílias camponesas que vivem e produzem em terras ocupadas e que há décadas aguardam em vão a legalização. E olha que desapropriação não representa a solução da posse da terra, como demonstra o caso dos territórios quilombolas, onde os camponeses só ficam com os papeis nas mãos enquanto as terras de fato continuam nas mãos dos latifundiários que mantém seu poder político e pelas armas.
Nós da Liga dos Camponeses Pobres nos solidarizamos com as famílias camponesas atacadas na fazenda Torta, assim como a todos os camponeses permanentemente ameaçados pelo latifúndio e o Estado no Norte de Minas. Apesar de não estarmos na organização direta destas famílias camponesas, reconhecemos seu direito histórico às terras de Verdelândia e repudiamos o covarde ataque. Convocamos a todo o povo norte-mineiro a se manifestar contra essas atrocidades cometidas contra as famílias camponesas de Verdelândia e região!
Exigimos punição imediata para os latifundiários e seus pistoleiros!
Terra para quem nela vive e trabalha! Morte ao latifúndio! Viva a revolução agrária!
Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia