População de Montalvânia se mobiliza para debater Construção de pequenas hidrelétricas
Para Medrado, não há notícia de prejuízos ambientais nas regiões que receberam usinas hidrelétricas.
Por:Luis Claudio Guedes

A população de Montalvânia, no extremo Norte de Minas, participou de audiência pública na última sexta-feira (14), no auditório Juarez Espínola Guedes/Monte Lopino, para debater os projetos de construção de duas pequenas centrais elétricas (PCH) no Rio Carinhanha, marco natural que divide os municípios de Minas Gerais e Bahia. As pequenas centrais hidrelétricas vão afetar as populações de microrregião que congrega os municípios de Bonito de Minas, Juvenília e Montalvânia, em Minas, e Carinhanha e Côcos, na Bahia.
Cerca de 300 pessoas, entre eles educadores, ambientalistas, historiadores, empresários, produtores rurais, políticos, biólogos, moradores das regiões afetadas, representantes de associações rurais e estudantes participaram do encontro, que faz parte da série de audiências públicas que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) determinou que fossem realizadas para debater com as populações afetadas os possíveis danos ambientais provocados pela intervenção no curso do Rio Carinhanha. Outras duas audiências estão previstas para acontecer nas cidades de Bonito de Minas (nesta terça 18) e Cocos (na quinta-feira 20).
As PCH’s do Gavião e Caiçara ainda estão no primeiro estágio de licenciamento ambiental, a chamada licença prévia (LP). Os documentos que vão orientar os relatórios de impacto ambiental (Rima) dos empreendimentos, que estão disponível na internet observam, em conclusão, que “os efeitos negativos dos possíveis impactos ambientais causados pela implantação da barragem serão pontuais, não comprometendo a ecologia local e os padrões sociais (relação homem com a terra) na região próxima ao empreendimento, o funcionamento pleno do projeto
torna-se ambientalmente viável”.
O assunto, no entanto, não é consensual. Os protestos começaram desde que foram anunciadas audiência públicas para tratar do tema. “Mais importante que a energia é a água”, afirmou Cláudio Pereira, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco e primeiro orador a fazer uso da palavra na audiência pública de Montalvânia, após os técnicos da empresa Minas PCH apresentarem a defesa para a realização do empreendimento.
Os representantes da Minas PCH tentaram acalmar os ânimos, com a observação de que não há confirmação de as usinas serão construídas, uma vez que o processo ainda depende de mais duas autorizações do Ibama – as licenças de instalação (LI) e de operação (LO).
De acordo com a Minas PCH, Montalvânia não será diretamente prejudicada nem beneficiada com a construção das PCH’s, que serão instaladas em territórios dos municípios de Bonito de Minas e Cocos. O município fica na ponta que pode mesmo até ser beneficiado com os projetos, com a possibilidade de incremento no desenvolvimento da microrregião a partir da oferta adicional de energia. A instalação das usinas traz melhorias para o entorno, com investimentos na melhoria das estradas, moradias de engenheiros e técnicos da instalação das usinas, aquecimento do comércio local, qualificação da mão de obra na região e empregos para o município.
O outro lado
O técnico da empresa baiana de desenvolvimento agrícola (EBDA) e historiador João Paulo Leão, morador das margens dó Rio Itaguari, reclamou sobre possíveis prejuízos ambientais e cobrou o uso dos recursos hídricos com responsabilidade e sustentabilidade. Leão diz que os governo visam primeiro o lucro e depois o povo e suas necessidades.
“Em nossa região tudo chega por último, inclusive informação. Para o governo prioridade não são as pessoas, mas as grandes empresas. As comunidades ribeirinhas não vão ser beneficiadas em nada. Além de corrermos sérios riscos de sermos afetados com a redução do volume da má qualidade da água após a construção da barragem, os moradores ribeirinhos serão afetados economicamente e nosso patrimônio imaterial como a cultura, as tradições, o artesanato, as festividades serão apenas registros”, protestou João Paulo.
Juvenília ficou de fora
O secretário de agricultura e meio ambiente de Juvenília, José Antônio França, criticou a ausência de Juvenília em todo o processo , já que a cidade está as margens do rio Carinhanha e não foi citada em momento algum durante a reunião e nem nos estudos realizados. O secretário solicitou a inclusão da cidade nos estudos, cobrou ações mitigadoras dos impactos causados e uma reunião no município para esclarecimentos à população.
O médico e ex-prefeito de Montalvânia José Ornelas compareceu à reunião e defendeu a instalação das PCHs. Otimista com os possíveis benefícios da iniciativa para Montalvânia, Ornelas pediu ao atual prefeito, Jordão Medrado, para apoiar a causa. Em sua fala Jordão Medrado disse que apoia o empreendimento e só vê benefícios nas instalações das PCH’S.
Para Medrado, não há notícia de prejuízos ambientais nas regiões que receberam usinas hidrelétricas. “Os efeitos são o desenvolvimento econômico e o progresso para a região”, discursou o prefeito.
Edição www folhadovale.net