Malhada onde a água não chega às comunidades
Em pleno século XXI, há mais de 7 mil pessoas sem fornecimento garantido para consumo em suas casas na cidade de Malhada.

MALHADA — Apesar de ser banhada pelo Rio São Francisco, quinto maior do Brasil, a cidade de Malhada, na região sudoeste da Bahia, ainda é abastecida por água salobra ou sem nenhum tratamento. O Velho Chico, que corta todo o município, não chega para quem precisa.
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Em pleno século XXI, há mais de 7 mil pessoas sem fornecimento garantido para consumo em suas casas. Um levantamento realizado pelo Portal Folha do Vale aponta a região Norte do município, que mais sofre com o abastecimento ineficiente.
Em Parateca, distrito mais antigo, os cidadãos não têm acesso à água tratada, mesmo com o sistema de abastecimento feito desde 2011. O distrito está a 12 quilômetros do rio da Integração Nacional.
A dificuldade em obter o recurso natural não é só na região Norte; moradores de Serra de João Alves, mais ao Sul, também reclamam. O sistema de abastecimento de água foi feito no mesmo ano que o da comunidade quilombola de Parateca, mas nunca funcionou.
Naquele ano, por meio do Ministério da Integração Nacional, foram investidos mais de 12 milhões, que beneficiariam 17 comunidades, levando água para quase 10 mil pessoas. Quatorze anos depois, existem apenas os hidrômetros colocados nas casas e a esperança.
A inauguração da Adutora do Algodão, em 2012, que capta água na comunidade de Ilha de Malhada, chegou a animar os cidadãos. Na época, o governador ainda era Jaques Wagner (PT), no entanto, ele não conseguiu entregar o líquido nas casas dos que mais precisam.
A esperança se renovou nos dois governos de Rui Costa (PT) e agora de Jerônimo Rodrigues (PT), porém a água não chega. Enquanto o morador de Canabravinha precisa do carro-pipa com a água a tubulação feita, a água do Velho Chico chega a Ibitira, em Rio do Antônio, a aproximadamente 200 km.
Em agosto, a reportagem questionou o governador Jerônimo Rodrigues sobre a água; então, ele respondeu que precisaria sentar com o prefeito para discutir. No mesmo dia, ele anunciou que diversas comunidades da cidade de Guanambi receberiam água do São Francisco.
Para os vereadores malhadense, o governador trata o cidadão da cidade como provinciano. O parlamento Malhada, como sede de captação, deveria ter todas as comunidades beneficiadas. Além disso, eles fazem questão de dizer que não são contra levar água para outras cidades; pelo contrário, são favoráveis.
“Não podemos aceitar é que nossa gente ainda passa sede, enquanto o governador continua levando água para cidades a mais de 300 quilômetros e não consegue atender uma comunidade distante 12 quilômetros do rio”, lembram os vereadores.