Professores de Carinhanha se revoltam com descaso com a classe e quebra de acordos da gestão municipal

São várias reivindicações, mas o destaque é o fato de a prefeitura não estar cumprindo o piso salarial dos professores da rede municipal.

CARINHANHA – Um clima de tensão e revolta permanece rondando os servidores públicos municipais da educação e a atual gestão no município de Carinhanha, oeste da Bahia. Os professores acusam a administração de não cumprir nenhum acordo para resolver a situação da classe responsável pela educação.

São várias reivindicações, mas o destaque é o fato de a prefeitura não estar cumprindo o piso salarial dos professores da rede municipal de ensino. O valor mínimo a ser pago para profissionais com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais é de R$ R$ 4.420,55, conforme a Lei do Piso Nacional do Magistério.

Vale ressaltar que o descumprimento do piso salarial dos professores é uma prática ilegal e pode resultar em punições para a gestão pública, além de prejudicar a qualidade do ensino oferecido aos alunos.

Segundo informações divulgadas por representantes da categoria, muitos professores estão recebendo salários abaixo desse valor estipulado por lei, o que tem gerado insatisfação e protestos por parte dos profissionais. Contudo, este não é o único problema enfrentado pelos professores, conforme apuramos.

Acordos não cumpridos

Os professores e demais representantes da classe, afirmam que nenhum dos acordos fechados com a prefeitura foram cumpridos pela gestão. Em um primeiro momento, ainda em 2022, a prefeitura propôs congelar o pagamento do piso e alguns benefícios, mas que em janeiro de 2023 seria pago com retroativo.

Quando chegou o mês de janeiro, a prefeitura não cumpriu o acordo e os professores solicitaram uma nova reunião para deliberarem sobre o assunto. Em 14 de março de 2023, uma reunião lavrada e assinada em ata, foi realizada com os representantes do setor com a Secretária de Educação, Darlene Rodrigues Viera Freitas e Secretário de Administração Valdir Araújo.

O assessor de governo, Raimundo Primo, também esteve presente e falou que se a prefeitura pagasse a decisão deliberada na última reunião, não teria condições de pagar as vantagens. Ao final, ficou decidido em ata, que: a comissão que representa a gestão municipal, discutiria a proposta de descongelar as gratificações e vantagens relativas ao salário base de 2022, congelar as vantagens relativas a 2023 e dar um retorno a comissão que representa o sindicato até 21 de março.

Igualmente, ficou decidido que seria pago o percentual de 14,95% do salário dos professores ainda no mês de março, com retroativo de janeiro. Esse percentual corresponde a atualização do piso nacional. Entretanto, nenhum retorno foi dado, segundo os professores. Até o momento a gestão permanece sem se comunicar com os professores.

Péssimas condições de trabalho

Como se não bastasse a situação do descumprimento dos acordos para pagamento do piso salarial, os professores ainda são obrigados a trabalharem sem condições mínimas de dignidade, conforme os representantes da classe. Quem atua em lugares de difícil acesso são os que mais sofrem.

Os alojamentos não possuem qualidade alguma que possa oferecer um mínimo de descanso para os professores. São colchões de péssima qualidade, envelhecidos e camas quebradas. Um dos professores relatou em um grupo de WhatsAapp a situação da cama em que ele dorme na zona rural:

“Caros colegas, é pesar que venho informar o falecimento da minha cama. Kkkk Ficar descansar ontem e ela quebrou no meio certinho…. Acho que tô gordinho…. Mas como: Casa de professores, Camas, Colchões, banheiros e outros Não é prioridade nas comunidades… Logo, segue o enterro da cama!!!!���������������” desabafou.

Em algumas situações, as casas que estes professores ficam, são completamente inviáveis para os profissionais conseguirem descansar após o árduo dia de trabalho. Banheiros precários, cozinhas sem nenhuma estrutura e sem contar que o difícil acesso ainda se torna outro fator que incomoda os professores.

Estes professores afirmam que o valor pago pela prefeitura por difícil acesso não cobrem os gastos e que, diante disso, os professores acabam pagando para trabalharem.

Procurado pela reportagem do Portal Folha do Vale na manhã desta terça-feira (11), a administração não respondeu o questionamento. A matéria será atualizada assim que o município enviar.

A representante do sindicato respondeu que o sindicato está acompanhando sim, buscando negociar, dialogar com à administração de forma que possa chegar a resolver a situação.
“Estávamos com uma reunião marcada para segunda ou terça-feira , dia 10 ou 11/04, mas o secretário me ligou avisando que precisou fazer uma viagem urgente e que teríamos que adiar a reunião, que me daria um retorno até sexta-feira. Estou aguardando. Foi então que conversando com alguns colegas marcamos uma reunião pra sexta-feira 14/04 para vermos os próximos passos”, disse Jô.

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