“Prefeitura de Carinhanha destrói cerca e invade terras”, diz moradores
Os pequenos alegam que assinaram um ofício sem saber do que se tratava, contudo, foram surpreendidos dias depois para desocuparem a área.
CARINHANHA – A prefeitura de Carinhanha, por meio de um decreto assinado pela prefeita Francisca Alves Ribeiro (Chica do PT), desapropriou diversas famílias no povoado da Agrovila 16, zona rural, com o de implantar o projeto que consiste em desapropriar terras de pequenos produtores para irrigação e outros investimentos.
A proposta é interessante para os pequenos, mas os moradores afirmam que foram vítimas de golpes por parte da administração. Os pequenos produtores alegam que a administração agiu de má-fé, no sentido de apresentar um ofício dizendo que seria para melhor a vida do povo.
“Dias depois chegaram arrancando o que a gente tinha plantado e deram 5 dias para a gente sair das terras, muita gente aqui assinou sem saber do que se tratava”, comenta um pequeno produtor.
Há mais de 20 anos, Dona Tereza, reside na entrada do povoado da Agrovila 16. Tereza viu a plantação de mandioca ser devastada pela máquina da prefeitura, tirando qualquer direito dela sob a propriedade. Tereza conta que tira o sustento da família na área desapropriada, mas agora terá que compartilhar suas terras com pessoas.
“É triste acordar e perceber que não tem mais nada, é muita injustiça o que a prefeita tá fazendo”, comenta Tereza.
O projeto divide opiniões na comunidade, já que boa parte alega que assinou o ofício sem saber. ‘Tem terra que deixada de pai para filho e prossegue, Chica do PT não pode fazer isso não. Esperava de qualquer outra pessoa, menos de Chica”, lamenta outro morador.
O vereador Raimundo Pereira Sena, Mundinho da Oficina (União Brasil), esteve na comunidade para conversar com os desapropriados. O vereador repudiou o comportamento da administração, além disso, afirma que esse projeto deveria ter passado pela câmara.
Projeto Especial de Colonização Serra do Ramalho
O PEC Serra do Ramalho foi implantado, em 1973, num período da história brasileira em que o Estado se dedicava a executar grandes projetos de assentamento, principalmente na região amazônica. Na Bahia, o projeto foi organizado em 23 agrovilas, com lotes para moradias e parcelas rurais, destinou-se, inicialmente, a reassentar a população expropriada pela construção da Usina Hidroelétrica de Sobradinho. Contudo, acabou por ser oferecido a quem se interessasse e se submetesse a adaptar-se ao “enquadramento” do espaço e da situação.
Foi o último projeto de colonização realizado pelo Estado da Bahia. Os pressupostos teóricos de sua concepção reproduziram e deixaram plasmados, em suas formas espaciais, o conteúdo social daquele período histórico e a forma autoritária e compulsória praticada pelo regime militar. Não obstante, foi significativo o fato de que, em dezesseis anos, tenha conseguido arregimentar forças políticas que o levaram a emancipar-se de seus municípios de origem, constituindo-se no Município de Serra do Ramalho.
Em contato com Ivani, responsável pelo setor, ela respondeu que o projeto realmente é muito importante e que visa beneficiar todo um coletivo da comunidade. Mas, todo o processo está com o setor jurídico. Ela disse que teria um posicionamento na segunda-feira (24), por meio da assessoria de comunicação .
Na manhã desta segunda-feira (25), a assessoria de comunicação respondeu que houve uma judicialização já que os pequenos alegam que são donos. A administração se pronunciará depois.