Polícia Federal realiza operação em prefeituras Norte-Mineiras

A quadrilha, formada por empresas, pessoas físicas e servidores públicos, fraudava processos licitatórios.

O mundo político norte-mineiro está em polvorosa na manhã desta quinta-feira, após a deflagração de mais uma operação da Polícia Federal em prefeituras da região. Desta vez, a investida dos agentes federais, iniciada nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (21), recebeu o nome de Operação Máscara da Sanidade (veja explicação do nome no final do texto). O objetivo da ação, em conjunto com o Ministério Público de Minas Gerais, é desarticular suposta organização criminosa que desviava recursos públicos de 36 cidades mineiras, a partir de fraudes em processos licitatórios.

A operação consiste no cumprimento de 120 mandados judiciais. Desse total, 55 são de mandados de busca e apreensão (16 pessoas físicas e 39 pessoas jurídicas, incluindo as prefeituras municipais), 49 mandados de sequestro de valores, bens móveis e imóveis, e 16 mandados de prisão temporária.As informações ainda são preliminares e mais detalhes serão oferecidos logo mais, _as 11h00, durante entrevista coletiva na Delegacia da Polícia Federal em Montes Claros.

A quadrilha, formada por empresas, pessoas físicas e servidores públicos, fraudava processos licitatórios, direcionando as contratações de obras públicas às empresas integrantes da organização criminosa. Essas empresas venciam os certames públicos com desvio na execução do objeto, ou ainda, com emissão de notas fiscais sem a correspondente prestação dos serviços, uma vez que as obras eram executadas com recursos próprios do município. Desta forma, a quadrilha desviava e se apropriava dos recursos públicos.

Além da prisão de pessoas físicas, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em empresas pertencentes ao esquema criminoso, além das sedes das prefeituras de Bocaiúva, Bonito de Minas, Brasília de Minas, Campo Azul, Capelinha, Capitão Enéas, Claro dos Poções, Cônego Marinho, Coração de Jesus, Engenheiro Navarro, Francisco Sá, Glaucilândia, Guaraciama, Indaiabira, Itamarandiba, Januária, Joaquim Felício, Josenópolis, Manga, Mato Verde, Olhos D’água, Padre Carvalho, Pai Pedro, Patis, Pedras de Maria da Cruz, Pirapora, Porteirinha, Salinas, Santa Cruz de Salinas, Santo Antônio do Retiro, São Francisco, São João da Ponte, São João das Missões, Taiobeiras, Ubaí e Varzelândia.

Máscaras da insensibilidade
De acordo com post no site da Polícia Federal a expressão “máscara da sanidade” é referência ao primeiro estudo sobre sociopatas publicado em 1941, com o livro The Mask of Sanity, de autoria do psiquiatra americano Hervey Cleckley, em que se relata casos de pacientes que apresentavam charme acima da média, uma capacidade de convencimento muito alta e ausência de remorso ou arrependimento em relação às suas atitudes.

O Brasil, conforme dados do IBGE, possui 17 milhões de miseráveis na linha da extrema pobreza, dos quais quase 1 milhão vivem com renda mensal zero. Mesmo diante de um quadro como esse, ainda persistem em nossa sociedade, nas palavras da psiquiatra Ana Betriz Barbosa Silva, “profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos… trabalhadores, pais e mães de família, políticos” que, acobertados pela máscara da sanidade, desviam recursos públicos, em muitos casos, destinados às necessidades mais elementares da população carente.

Segundo nota da Polícia Federal, as pessoas presas durante a operação responderão, na medida de suas participações, por crimes contra a administração pública, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, dentre outros. Se condenados, as penas máximas aplicadas aos crimes ultrapassam 30 anos.

Por: www.luisclaudioguedes.com.br Edição www folhadovale.net

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