O desafio da mulher negra para conquistar seu espaço
Com mais de 100 mil seguidores Instagram, a malhadense Kamila Tchara trabalha com publicidade das grandes marcas do Brasil.
SÃO PAULO – O Brasil é o país mais negro fora da África, além de ser o segundo em todo o mundo, ficando atrás apenas da Nigéria. Com 56,1% da população brasileira se autodeclarando negra, o Brasil é um dos mais atrasados quando se fala na conquista de direitos dessa população.
Nesse 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, vamos contar um pouco da história de Kamila Tchara Pereira Pinto, 33 anos, natural do distrito de Canabrava, em Malhada, no sudoeste da Bahia. Ela foi morar na capital paulista aos 8 anos de idade, mas faz questão de manter suas origens.
Malhada tem três comunidades quilombolas: Tomé-Nunes, Pau D’arco e Parateca. Tome -Nunes foi reconhecida como comunidade quilombola pela Fundação Cultural Palmares, em dezembro de 2004. Além de Tome – Nunes, o distrito de Parateca também é reconhecido como quilombo.
Com mais de 100 mil seguidores Instagram, Kamila Tchara trabalha com publicidade das grandes marcas do Brasil, incluindo a NIVEA. Recentemente Tchara esteve na TV Globo, depois de usar um creme para tirar manchas. “Eu fui convidada para fazer o Merchan na Globo”, comenta ela.
Questionada sobre os desafios, Tchara respondeu que o negro tem conquistado mais espaços e direitos, mas precisa de mais representatividade em diversas áreas: mídia, política, lideranças organizacionais, medicina, entre outros.
“O que busco mostrar para as pessoas que me acompanham é que isso é possível sim, é claro que sempre estudando e trabalhando o dobro. Hoje por conta da minha profissão tenho acesso a lugares em que a quantidade de negros é mínima, ou simplesmente não tem. Se tem são profissionais da limpeza, isso me dói muito, mas sinto que o meu papel e de muitos negros é normalizar nossa presença em diversos lugares elitizados, precisamos ocupar!(sic)” comenta.
Tchara disse que racismo existe e ele está camuflado de diversas formas, olhares, gestos, falas ‘sem maldade’. Por isso, ela decidiu ser maior que isso. “Tenho muito orgulho da cor da minha pele, da minha história e atos preconceituosos e discriminatórios só me dão mais força”, fala.
Ela encerra afirmando que nesse dia Nacional da Consciência Negra, ela gostaria de impulsionar todos os negros e mulheres a não se contentarem com o pouco, com o que a sociedade pregou que seria nosso lugar, temos capacidade para muito mais e merecemos muito mais!
EXTRA: conheça também outra campo de luta das mulheres a infertilidade.