Mulheres evangélicas vítimas de violência doméstica relatam omissão de pastores
Essas mulheres tiveram suas identidades alteradas por questões de segurança, além de não citar nenhum nome de igrejas.
CARINHANHA — A pesquisa “Visível e Invisível:Vitimização de Mulheres no Brasil”, a primeira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que usa a religião declarada como indicador, demonstrou que 42,7% das mulheres evangélicas no país já sofreram violência doméstica.
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Depois da pesquisa divulgada, diversas mulheres procuraram o Portal Folha do Vale para relatar que vivem essa realidade em Carinhanha. Evangélicas desde jovens, algumas mulheres compartilham históricos de violência doméstica desde a infância.
Essas mulheres tiveram suas identidades alteradas por questões de segurança, além de não citar nenhum nome de igrejas. Na condição de anonimato, uma evangélica de 38 anos ficou casada por 15 anos.
“Fiquei casada 15 anos, mas logo no segundo ano meu ex apresentou um comportamento diferente. Ele ciumava até com os irmãos da igreja, mas logo no terceiro ano começou a me agredir”, comenta.
Noemia, 45 anos, disse que o ex quebrou seu telefone e era obrigada a transar com o então companheiro. Ela disse que, conforme sofria agressão, se distanciou do marido e perdeu a vontade de ficar com ele.
“As cobranças constantes, então ele me forçava a ter relações sexuais. Dizia que meu corpo era dele, porque era meu marido, e isso estava na Bíblia. Eu chorava, reclamava, me debatia, mas não adiantava”, lembra ela.
Segundo ela, no começo, ela achava que a culpa era dela por não desejá-lo, que provocava aquela raiva nele. Então, eu orava muito para Deus mudar o meu coração e meu sentimento.
“Procurei a esposa de um pastor, então ela relatou que vivia a mesma situação. Existe muita omissão dos pastores aqui, que poderiam ajudar mais. A gente não teve coragem de denunciar, assim como outras mulheres que passam pela mesma situação”, lamenta.
Conforme dados do IBGE — O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , os evangélicos são o grupo religioso que mais cresce no país.