Deputado Federal Oziel Oliveira concede entrevista ao Bahia Notícias.

Bahia Notícias – O deputado Oziel Oliveira (PDT) fez um projeto para criar o Estado do São Francisco. Em que consiste essa proposta?

Oziel Oliveira
Oziel Oliveira

Bahia Notícias – O deputado Oziel Oliveira (PDT) fez um projeto para criar o Estado do São Francisco. Em que consiste essa proposta?

Oziel Oliveira – Na verdade, nós estamos ainda construindo a PEC (Proposta de Emenda à Constituição). Estamos em um processo de formatação do pedido do próprio Legislativo. Então, o que é que está acontecendo? Há um desejo da comunidade do oeste baiano, que é um desejo antigo. Esse debate já vem de muitos anos e, na década de 80, desde que o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE) apresentou a proposta aqui na Câmara, isso tem sido sempre motivo de discussão entre a maçonaria, a igreja, estudantes, produtores, ribeirinhos, enfim, de toda a comunidade desta região da divisa entre Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Tocantins e Goiás. Essas pessoas todas, dentro da própria região, clamam por essa identidade, já que o oeste tem uma extensão territorial maior do que o Uruguai. Essa nossa área é muito grande, cabendo, inclusive, uma proposta aqui na Assembleia da Bahia, da deputada Kelly Magalhães (PCdoB). Tem municípios com alta capacidade produtiva como São Desidério, Correntina, Formosa do Rio Preto, Pilão Arcado, Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e Cocos, que já é na divisa com Minas Gerais. Para você ter uma ideia, Rosário, que hoje tem uma população de mais de 7 mil habitantes, está a 220 km da sede, que é Correntina, e a 300 km de Brasília. Então, a distância da capital baiana, no caso de Rosário, é de 1,2 mil km. As distâncias são muito grandes de várias áreas do estado. Essa situação toda demanda esse desejo do povo do oeste, e é exatamente isso que eu estou transportando. O povo quer criar o Estado do Rio São Francisco e eu estou propondo na Mesa Diretora da Câmara a solicitação para o plebiscito.

BN – Pela questão geográfica, haverá a necessidade desse novo Estado deixar o Nordeste e ficar compreendido como região Centro-Oeste?

OO – Não. Por exemplo, a cidade de Barreiras, que é a cidade-polo e, provavelmente, será a nossa capital, é estratégica no cenário nacional. Ela está exatamente nesse meio, entre o Nordeste e o centro do Brasil. Então, não justifica a divisão dessa forma. Ela vai continuar pertencendo ao Nordeste do Brasil, em mais um ente federativo do Nordeste. Nós estamos propondo apenas a divisão do estado. Como aconteceu com Tocantins e Goiás (nesse caso, Tocantins passou para o Norte), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, essa nova unidade ajuda a região. Estive esta semana com o governador de Goiás (Marconi Perillo-PSDB) e ele fez uma declaração afirmativa sobre a criação do Estado do Tocantins. A área de Goiás era muito grande e a divisão proporcionou uma melhora de vida para os goianos e também para os tocantinenses.  O que vai ocorrer também conosco é que a criação do Estado do Rio São Francisco vai ajudar, com certeza absoluta, a economia baiana. Vai ser um estado coirmão da Bahia que vai trazer também uma nova possibilidade de investimentos na área da construção civil, na indústria, nos serviços, e isso também ajuda o Estado da Bahia, porque vai sobrar recursos para regiões como o semiárido e outras que têm dificuldades de investimentos.

BN – Circulou uma notícia de que teria havido resistência da bancada evangélica – por causa do nome São Francisco – e, aí, o senhor teria alterado para Rio São Francisco, para não fazer referência ao santo da Igreja Católica e ter uma rejeição logo de cara. Foi isso mesmo que aconteceu?

OO – Não, não. Nunca houve discussão com nenhuma bancada, nem evangélica nem católica. Essa é uma informação desencontrada. O que há de verdade é que o projeto do deputado Gonzaga Patriota, de Pernambuco, requer a criação do Estado do Rio São Francisco. Nós estamos trabalhando juntos, já que Patriota é líder da bancada do Nordeste, na formatação do novo projeto. Não há restrição nem dos evangélicos nem dos católicos, até porque, nunca se chegou a essa discussão religiosa. O que temos é que o bispo Josaphat é favorável, o dom Cappio lá da Barra também é favorável. Existe uma série de membros da Igreja Católica que é favorável, bem como os pastores da região oeste.

BN – Em relação a toda a polêmica que foi criada, já que existem muitas pessoas que discordam da divisão, algumas até com discursos meramente apaixonados, o senhor sabe que, como ainda é uma proposta, ela pode não ser aprovada. O senhor está preparado, caso haja a rejeição, para receber as críticas e até mesmo a pecha de que “Oziel Oliveira é separatista”?

OO – Não tenho preocupação nenhuma com isso. Vou defender e sempre defendi, até porque, sou municipalista. Estive à frente, com a prefeita Jusmari (Oliveira-PR, prefeita de Barreiras e sua cônjuge), da criação da cidade de Luís Eduardo Magalhães, que é o grande exemplo de divisão territorial da Bahia. Hoje, ela é a décima economia do Estado e eu tenho certeza de que a criação do novo Estado vai gerar uma nova economia importantíssima para o Brasil e importante também para a Bahia. O que eu tenho falado é que este não é um desejo do deputado que está comandando a proposta, mas sim do povo do oeste da Bahia. Não é um desejo de hoje, até porque, o oeste baiano sempre pertenceu àquele núcleo desde Dom Pedro I. É um clamor da sociedade. Das pessoas que moram na beira do Rio São Francisco, do Rio Verde Grande, do Rio Corrente, do Rio Preto. Gente humilde, gente que está na reforma agrária, nas empresas, nas indústrias, nos segmentos da sociedade organizada, nas associações, nas igrejas, na maçonaria. Este anseio vem do povo. É uma discussão que tem sido feita há muito tempo pela sociedade organizada do oeste baiano.

BN – Outro comentário é o de que o seu principal objetivo, na verdade, seria governar esse novo Estado. Há essa intenção?

OO – Não, não. Essa é uma argumentação usada por parlamentares que são contrários à criação. Eu sou aliado do governador Jaques Wagner e, para mim, seria uma honra levá-lo a ser também governador do novo Estado do Rio São Francisco. Como, também, vou fazer um convite ao (ex) presidente Lula, para que ele transfira o seu título para a nossa região a fim de ser o governador. Nada mais justo para o presidente Lula, que foi um grande presidente, e também é pernambucano, já que aquela região pertenceu a Pernambuco por longa data. Então, não é intenção do deputado Oziel disputar eleição de governador. Nós estamos aqui para trabalhar um projeto consistente para a criação do Estado do Rio São Francisco.

BN – O fato de ser paranaense também não interfere em nada…

OO – De jeito nenhum, até porque, a região oeste é formada cidadãos de várias regiões. O oeste foi concebido por um padrão de evolução, que atraiu gente do Rio Grande do Sul, de São Paulo, do Paraná, de Pernambuco, Alagoas, baianos, americanos, chineses, gente de todo o mundo que já constituiu família e que os filhos são chamados de “novos baianos”.

BN – O senhor tem apoio da maioria da bancada do seu próprio partido, o PDT, para levar essa proposta adiante?

OO – Dentro do partido, nós contamos com o apoio, inclusive, do nosso líder, Giovanni Queiroz (PA), que é autor da criação do Estado do Carajás. Estamos trabalhando com toda a bancada. Lógico que não tenho 100% da bancada, mas garanto que tenho, pelo menos, 90% da bancada nacional para a aprovação desse projeto.

BN – Então, o senhor aposta que a proposta vai passar no Congresso?

OO – Eu vou trabalhar por isso. Acredito primeiro em Deus e na força que ele nos dá para levar o projeto avante. Vamos lutar para que aconteça o mais rápido possível.

Redação: Folhadovale. Net

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