Dalmir Promoções articula para disputar presidência da Câmara de Matias Cardoso com sobrinho do prefeito reeleito
Se não há mesmo um racha na sua base de apoio, ainda resta ao prefeito Edmárcio o dilema de administrar o assunto e evitar que o projeto de colocar seu sobrinho na Câmara possa contrariar o aliado de primeira hora Dalmir Promoções, no que pode abrir espaço para perder, no futuro, a folgada maioria que conseguiu na Câmara
Por:Luis Claudio Guedes

Vereador mais votado nas eleições de outubro em Matias Cardoso, Anderson Rafael de Carvalho, o Rafael do Lajedão (PSC), dá como certa sua eleição para presidir a Câmara de Vereadores local pelos próximos dois anos. Não bastasse os 379 votos que conseguiu (7,14% do total válido), Lajedão ainda conta com o trunfo de ser sobrinho do prefeito reeleito Edmárcio Moura Leal, o Edmárcio da Sisan (PSC). Mas há uma pedra no caminho de Rafael.
O vereador reeleito para um segundo mandato Dalmir Pereira dos Santos, o Dalmir Promoções (PSC), também da base do prefeito, avalia que o sol nasce para todos e pleiteia o cargo. Dalmir abriu rodada de conversas com os três vereadores de oposição e já conta com quatro dos cinco votos necessários para colocar água no chope do sobrinho de Edmárcio, que já sondou o interesse do aliado pelo cargo.
Procurado pelo site, o vereador Rafael Lajedão diz que embora sua pretensão seja “natural e legítima” ele não vai fazer nenhum cavalo de batalha pela presidência da Casa. “Meu nome está colocado sim, mas busco uma candidatura não por uma motivação de vaidade ou imposição. O que busco é o consenso para fazer um bom trabalho na Câmara e buscar o melhor para o nosso município”, diz Rafael, que diz aceitar com naturalidade o movimento do correligionário Dalmir. “Se tiver outro nome no nosso grupo e ele for apoiados por todos, não vejo problema em abrir espaço para esse candidato”, explica.
Dalmir Promoções descarta com veemência que pretenda abrir dissidência do grupo do prefeito ao buscar apoio na oposição para conseguir os votos que vão garantir sua eleição, mas avalia que a Câmara de Vereadores vai perder muito da sua independência caso um sobrinho do prefeito seja eleito para comandar o Legislativo local. Matias Cardoso passaria a ter um perfil extremamente familiar na sua gestão, já que o vice-prefeito eleito, Cícero Cordeiro do Nascimento (PSB), é contraparente do prefeito, na condição de tio da primeira-dama do município, Sônia Cordeiro.
“Quero ser presidente não para formar oposição contra a administração Edmárcio, mas para preservar a independência do Legislativo”, diz Dalmir, que defende a parceria entre a Câmara e o prefeito, mas desde que se preserve a autonomia e independência entre os dois poderes. “Lançamos o nosso nome para trabalhar junto com o prefeito e não abrir oposição.
Perguntado se não vai provocar uma fissura na base de apoio do prefeito reeleito Edmárcio, Dalmir diz que “não tem racha” e o que ele busca é ter o apoio do prefeito e dos seus futuros colegas na Câmara. “Nosso foco é garantir o espaço político para a Câmara de Vereadores”, contemporiza Dalmir, que espera obter o apoio do prefeito Edmárcio ao seu projeto.
Decisão salomônica
Se não há mesmo um racha na sua base de apoio, ainda resta ao prefeito Edmárcio o dilema de administrar o assunto e evitar que o projeto de colocar seu sobrinho na Câmara possa contrariar o aliado de primeira hora Dalmir Promoções, no que pode abrir espaço para perder, no futuro, a folgada maioria que conseguiu na Câmara. A saída para o impasse passar por negociar com os dois vereanças a seguinte fórmula: quem ceder agora fica com o compromisso de assumir a presidência da Câmara nos dois anos finais de mandato. Seria uma decisão ao estilo de Salomão, o rei bíblico conhecido por sua sabedoria que resolveu com maestria o impasse entre duas mães que reivindicavam o mesmo bebê.
Rafael do Lajedão tem todo o direito de reivindicar a prerrogativa não escrita de que o mais votado automaticamente preside a Câmara, mas precisa avaliar se não cria com isso uma dor de cabeça desnecessária para o tio e mentor da sua carreira política. Quanto a Dalmir, precisa infundir nos neoaliados da oposição, todos ligados ao candidato derrotado João Cordoval (PMDB) a certeza de que não trocam seis por meia dúzia ao ajudar a colocá-lo no comando da Casa. O discurso de independência do Legislativo encontra ressonância entre os pares, mas é preciso buscar o equilíbrio que garanta ao prefeito eleito a certeza de que a Câmara ganhe ares oposicionistas.