Acompanhantes de luxo têm mercado movimentado em Guanambi
Abelha Rainha conta que virar acompanhante nunca foi um sonho, claro. Ao passar pelas fases da falta de dinheiro se viu na situação.
GUANAMBI — Longe de casa há quase 5 anos, “Abelha Rainha”, de 23 anos, vira como pode para conseguir pagar suas contas no fim do mês. No decorrer da reportagem adotamos o pseudônimo, nome proposto por ela para conversar com o nome repórter.
O Portal Folha do Vale está nos Canais do WhatsApp; veja como participar. Pelo nosso canal você recebe notícias atualizadas de hora em hora.
Natural de uma cidade às margens do Rio São Francisco, Abelha mora e estuda na cidade de Guanambi, distante 110 quilômetros. “Meus pais mandam um valor todo mês para ajudar no aluguel, mas no período da pandemia da Covid-19 o valor diminuiu, então resolvi complementar minha renda. Confesso que foi muito difícil no começo”, contou.
Ela conta que virar acompanhante nunca foi um sonho, claro. Ao passar pelas fases da falta de dinheiro, Abelha explica que percebeu estar cansada. “Foi assustador no início, porém me acostumou com a ideia. Hoje tenho centenas de clientes que marcam programas online, inclusive nos sites do gênero encontrados na internet com garotas da cidade”, conta.
Em relação ao pior momento da profissão, ela respondeu que foi quando atendeu o primeiro cliente da sua cidade, isso pelo fato dele ser seu conhecido. “Confesso que foi constrangedor tanto para mim quanto para ele. Ele [cliente] ficou espantado quando me viu, eu fiquei pior ainda. Conversamos e rolou, nada vazou”, conta aos risos.
“Existem dezenas de meninas da minha cidade que fazem o mesmo que eu. Atendo clientes também na minha cidade, principalmente nos finais de semana. Lá não tem tanta opção como em Guanambi”, falou.
Questionada sobre o uso de drogas, Abelha respondeu que nunca experimentou nada que não seja bebida alcoílica. Sobre faturamento, ela disse que pode ultrapassar 5 mil por mês. A hora dela custa R$ 300 e tem semana que o movimento é fraco.
Quando parar?
Abelha afirmou que cogita parar até julho de 2024, já que encerra o curso e planeja retornar para trabalhar na sua cidade natal. Ela encerrou dizendo que seus pais sabem que ela é acompanhante, no entanto, não interferem na sua escola.
Além de Abelha, nosso repórter conversou com meninas de outros estados que estão morando em Guanambi. “A vida é difícil longe de casa, por isso, faço esse bico aqui. Sou jovem e preciso pagar água, luz e outras coisas”, conta Pássaro Ferido, de 19 anos.
Durante dois meses nosso repórter não só conversou com Abelha Rainha, mas também com outras meninas que são acompanhantes de luxo na maior cidade da Microrregião de Guanambi. A reportagem conversou com 5 jovens que fazem programas, como o objetivo identificar as razões que as fizeram optar por esta atividade e as perspectivas de futuro desse grupo.
O FV identificou que a principal causa é a falta de condições financeiras e, como perspectivas de futuro, elas pretendem deixar essa vida. No decorrer das conversas, o veículo de comunicação ouviu relatos de meninas que muitas vezes sofrem algum tipo de violência, porém não denunciam por medo.
A prostituição é tão antiga quanto a história da humanidade, onde nenhuma civilização escapou à sua convivência e nenhum berço foi respeitado.