Jornal Nacional exibe reportagem com estudante quilombola de Candiba

Não é a primeira vez que o empenho de Carlúcia colocou o Quilombo dos Anjos em evidência. Desde 2017 ela coordena um projeto de dança na comunidade.

CANDIBA– Na última terça-feira (5), o Jornal Nacional, da emissora Rede Globo exibiu uma reportagem sobre a renovação das políticas de cotas raciais. Sistema de cota criado para garantir que pessoas pretas, pardas, indígenas e com deficiência tenham acesso ao ensino superior.

A estudante Carlúcia Alves Ferreira, 21 anos, foi a personagem da reportagem. Ela é moradora do Quilombo Lagoa dos Anjos, em Candiba, na Região de Guanambi, e foi aprovada recentemente no curso de medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul.

Em 2012, quando a Lei foi sancionada, ficou estabelecido que o Sistema iria funcionar pelo prazo de 10 anos, à época, pensava-se que o tempo seria suficiente para garantir a reparação e equidade na concorrência as vagas em uma Universidade. A legislação estabelece a reserva 50% das vagas para estudantes oriundos de escola pública, incluindo cotas para pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência, de acordo com o percentual destas populações em cada região.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2012, o percentual de negros nas universidades era de 13,27%, passando para 35,8% em 2018. Já a Associação de Dirigentes do Ensino Superior das Instituições Federal (Andifes) afirma que 51,2% dos estudantes destas instituições são pretos ou pardos.

Foto: Reprodução/ Globo Play

Carlúcia contou na entrevista que foi a primeira de sua geração a conseguir entrar na Universidade. A estudante disse que suas conquistas estão incentivando outros jovens do Quilombo dos Anjos a seguir o caminho da educação. “Eu sou a primeira da minha família, da minha geração a acessar a universidade”.

“Eu preta, quilombola, sendo médica, para mim é uma honra, porque não é uma luta só minha. Aqui no meu quilombo eu observo o brilho no olhar de cada um. Vejo meus tios voltando a sonhar, vejo as crianças querendo algo que antes elas achavam impossível”, disse a universitária ao comentar sobre a transformação que a educação está trazendo para ela e os moradores do Quilombo.

Ela já começou a assistir as aulas do curso de Medicina na UFPel, ainda em caráter remoto. Antes de iniciar a nova jornada, já havia sido aprovada no curso de Enfermagem da Universidade Estadual da Bahia (UNEB), mas cancelou a matrícula para ingressar no novo curso.

De acordo apuração do site Agência Sertão, no ano de 2019, o extinto programa “Como Será?”, da mesma emissora de televisão exibiu uma reportagem mostrando o projeto desenvolvido com as crianças quilombolas. No mesmo ano, o projeto foi finalista do Prêmio Criativo na Escola, e este ano foi finalista da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace).

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